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Caingangue: juíza decreta prisão

Correio do Povo-Porto Alegre-RS
09 de Jan de 2003

A juíza substituta de Tenente Portela, Stefânia Frigetto Schneider, decretou ontem à tarde a prisão preventiva, pelo prazo de 81 dias, de dois jovens de 19 anos acusados pelo assassinato do índio caingangue Leopoldo Crespo, 77 anos, agredido a pontapés e golpeado com uma pedra na cabeça na noite de segunda-feira, na avenida Ijuí, em Miraguaí, região Nordeste do Estado. A dupla foi recolhida ontem ao presdídio municipal de Três Passos, onde permanecerá até o julgamento. Os acusados podem pegar até 30 anos de prisão. O terceiro envolvido, um menor de 14 anos, será encaminhado hoje ao Ministério Público. De acordo com a delegada Cristiane de Moura e Silva, que solicitou a prisão preventiva, os três jovens disseram que estavam embriagados ao agredir Crespo. A necropsia no corpo de Leopoldo Crespo foi realizada em Palmeira das Missões e atestou que a morte ocorreu por traumatismo craniano, causado por instrumento contundente.
Um clima de revolta e tristeza marcou o sepultamento do índio caingangue, às 8h de ontem, na aldeia Estiva, localizada na reserva da Guarita, em Redentora. Cerca de 100 índios da aldeia acompanharam o enterro. Carlinhos Alfaiate, cacique da reserva da Guarida, onde vivem aproximadamente 6 mil caingangues, lembrou que Leopoldo Crespo era um dos mais idosos da aldeia. Era viúvo, pais de dois filhos e tinha 14 netos. A deputada federal Maria do Rosário, designada pelo secretário nacional de Direitos Humanos, Nilmar Miranda, para acompanhar as investigações, disse que o crime caracteriza uma conduta contrária a um povo e que foi cometido num contexto de reincidência. 'Alguém ser chutado até a morte é o limite da violência. Mas a motivação de ordem racial é o que mais preocupa', alertou.

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