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Caiapós têm plano para retirada de madeira

OESP, p. A16
14 de Jun de 1995

Caiapós têm plano para retirada de madeira
Projeto de exploração sustentada da floresta será desenvolvido em área xicrin no sul do Pará

Técnicos do Instituto Sócio-Ambiental de São Paulo e membros da tribo xicrin - um subgrupo caiapó - apresentaram ontem ao ministro da Justiça, Nelson Jobim, o primeiro plano de manejo sustentável de recursos madeireiros em reserva indígena. O projeto será desenvolvido na área indígena xicrin do Rio Cateté, em Paranauapeba, no sul do Pará. A reserva, onde vivem 517 índios, tem mais de 439 mil hectares e está cercada por fazendas de gado que substituíram a mata. O plano será apresentado hoje ao ministro do Meio Ambiente, Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, Gustavo Krause.

A antropóloga Isabele Gianini, do Instituto Sócio-ambiental de São Paulo, disse que dependendo da autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) o manejo da floresta começará este mês. A área dos xicrin está demarcada desde 1981 e em 1991 foi homologada pelo governo federal. A partir de 1989 a exploração do mogno pelas madeireiras quase destruiu a reserva provocando a desestruturação social da comunidade, danos ambientais e maior incidência de doenças. Em cinco anos, as madeireiras abriram mais de 400 km de estradas ilegais para escoar madeira nobre.

Em 1992, os Xicrin expulsaram as madeireiras e junto com o Instituto Socio-ambiental de, São Paulo e o Instituto do Meio Ambiente do Pará começaram a estudar um plano alternativo de exploração.

Ontem, a Justiça de Brasília realizou o leilão de 6.226 metros cúbicos de mogno apreendidos pelo Ibama em território caiapó em 94. Apenas dois lotes de 13 e 16 metros cúbicos foram negociados no valor de R$ 4.230,00 e como os lances foram abaixo da avaliação, o juiz Sebastião Fagundes de Deus decidiu estender o leilão até hoje.

OESP, 14/06/1995, p. A16

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