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Cai o numero de doentes por falta de saneamento

OESP, Vida, p.A19
05 de Nov de 2004

Cai o número de doentes por falta de saneamento
As internações em hospitais diminuíram, mas ainda há muitas mortes causadas por doenças como diarréia
Karine Rodrigues
RIO - O número de internações em razão de doenças provocadas por saneamento inadequado caiu consideravelmente entre 1993 e 2002 no País: de 730 para 375 por 100 mil habitantes. No entanto, problemas com a rede de esgoto, abastecimento de água e coleta de lixo ainda estão relacionados à morte de mais de 13 mil pessoas, por ano, em decorrência de doenças como a diarréia.
No País, 25% da população não dispõe de rede coletora eficiente e 80% dos moradores de domicílios particulares permanentes queimam, enterram ou jogam o lixo em terreno baldio. Segundo a pesquisadora do IBGE Denise Kronemberger, os números podem mascarar uma realidade mais grave, já que muitas das enfermidades não necessitam de internação.
A freqüência de óbitos por doenças relacionadas ao saneamento deficiente consta de estudo parcialmente usado pelo IBGE no levantamento divulgado ontem. Para o autor, André Monteiro Costa, do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, unidade da Fundação Oswaldo Cruz em Pernambuco, o número de mortes e internações pode parecer pequeno se comparado com o conjunto de outras doenças, mas se torna dramático por se tratar de um problema evitável.
"É um dado grave, que reflete a ineqüidade existente na área social no Brasil, onde há pessoas que vivem muito bem e outras em situação extremamente precária, que não têm sequer onde fazer suas necessidades fisiológicas, pois não há sanitários", ressalta, destacando que a maioria das vítimas e das internações é de crianças e idosos. "Os números mostram a necessidade de o governo pensar numa política que, de fato, direcione recursos para atender as populações mais vulneráveis." Segundo ele, houve queda no número de internações por causa de uma sutil melhoria no abastecimento e também de ações implementadas no Sistema Único de Saúde (SUS).
Além da diarréia, outras doenças associadas à falta de saneamento são as febres entéricas, dengue, hepatite A, esquistossomose, doenças de pele e teníase. Em São Paulo, em 2002, foram registradas 105 internações por 100 mil habitantes relativas a essas doenças. Em Rondônia e no Piauí, o número foi mais de dez vezes maior.
LADO BOM E LADO RUIM
Para o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, o indicador demonstra melhorias, mas, "em termos absolutos, indica que há um longo caminho a ser percorrido até o desenvolvimento sustentável". "São dados positivos e negativos. É negativo porque ainda há muito a ser feito. E positivo porque agora, sabendo o que tem de ser feito, já se começa a trabalhar para um desenvolvimento baseado na eqüidade."
Foi registrada ainda uma queda no número de leitos hospitalares por mil habitantes entre 1992 e 2002. Denise observa que a redução pode indicar um possível avanço na saúde preventiva e no acesso a serviços básicos de saúde em determinadas áreas, já que os pacientes passam a ser tratados sem necessidade de internação. No entanto, ela ressalta as diferenças regionais. Enquanto o Rio tem 3,4 leitos por mil habitantes, Amazonas e Amapá têm, respectivamente, 1,6 e 1,7 leito.

OESP, 05/11/2004, p. A19

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