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Cacique Sateré-Mawé faz empréstimo e amplia negócios (AM)

Amazônia.org.br
29 de Jul de 2002

Índios Sateré-Mawé, do conjunto Santos Dumont, na Zona Norte, dão o exemplo de que é possível ampliar um negócio comunitário utilizando os mesmos recursos empregados pelo homem. O cacique Manuel da Silva Sateré e seus guerreiros fizeram três operações bancários junto ao Banco Social para comprar um conjunto de máquinas para confeccionar colares, anéis, bolsas, cintos, cestarias e objetos indígenas, que estão mudando a vida das 66 pessoas da comunidade Sateré-Mawé. "Agora estamos organizados. Somos uma entidade de fato e de direito, com CGC e inscrições estadual e municipal" se orgulha Manuel da Silva.

Com as máquinas, a produção, que era artesanal, agora é feita em menos tempo e em maior quantidade. "Antes, fazer 500 anéis de caroço de tucumã demorava em média três semanas; hoje leva apenas cinco dias", se anima o guerreiro Manuel Venâncio, que fez um dos empréstimos e trabalha junto com a família. Juntos, ele conseguem um lucro líquido de R$ 200 por mês e estão empenhados em conseguir mais clientes.

O financiamento foi parcelado em 24 meses, com seis de carência. "Esse mês quero pagar pelo menos 20% do total do empréstimo", assegura Venâncio, que pretende realizar outras operações.

"É esse mercado informal que queremos atingir e beneficiar. Manaus é a única cidade do país que levou esse pequenos créditos até a população mais carente, com poder criativo e vontade de vencer", explica o secretário Luiz Gonzaga Campos, da Secretaria Municipal do Trabalho, Emprego e Renda (Semtra), que gerencia o Banco Social. "A linha de crédito do Banco Social foi criada em parceria com o Banco do Brasil para viabilizar pequenos negócios como os da comunidade indígena. Mais de seis mil pessoas já utilizaram esses recursos para ampliar ou criar seus novos empreendimentos e mudaram suas vidas para melhor", afirma Luiz Gonzaga.

Uma das maiores dificuldades vividas pela comunidade Sateré-Mawé é a compra de matéria-prima para confecção do artesanato. "Sem transporte pagamos caro pela mercadoria que vem do município de Maués. Outra parte compramos em Rio Preto da Eva e na Casa do Índio, que também sai por um preço elevado", afirma o cacique Manuel da Silva.

Para superar os problemas, a comunidade faz exposições em festas e eventos e também realiza o ritual da tucandeira. "Essa é a forma que achamos para sustentar nossas famílias e manter nossa cultura", se alegra. Manuel da Silva anuncia a criação de uma escola onde as crianças Sateré nascidas na cidade irão aprender a língua da tribo e o português do branco. "Todos na comunidade falam Sateré-Mawé. Isso ajuda principalmente aos jovens a não perderem sua identidade", deduz o cacique.

Em tom de desabafo ele diz que a ampliação dos negócios da comunidade Sateré-Mawé mostrou ao branco que os índios podem trabalhar muito e são criativos. "Trabalhamos com pau-brasil, Jarina, cascas e sementes. Não utilizamos pena nem ossos de animais porque é proibido pelo Ibama", lembra Venâncio.

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