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Cacique faz declaração em protesto aos crimes

Dourados News-Dourados-MS
05 de Abr de 2006

Durante toda manhã de ontem vários discursos foram
declamados por familiares, policiais civis, universitários de Direito
da Unigran, advogados e produtores rurais em frente ao prédio do
Ministério Público Federal em Dourados, onde foi realizada uma
manifestação em pedido de justiça pela morte dos policiais civis
Ronilson Bartier e Rodrigo Lorenzato. Contudo, o momento em que todos
voltaram a atenção foi durante a declaração do cacique da aldeia
Jaguapiru, Renato de Souza. O indígena disse que sentiu medo de ser
agredido, mas que não poderia deixar que o fato fosse generalizado aos
demais índios de Dourados.

"Estou muito triste pela família, só que tenho que defender meu povo.
O Carlito de Oliveira não tem nada haver com a nossa aldeia. Ele foi
expulso da Reserva porque já matou muito índio lá dentro, na época da
ditadura militar", declara o cacique.

Renato disse ainda que os índios estão revoltados com as declarações
do chefe da Funai em Dourados, Eliezer Cardoso, que alega que "a
polícia foi imprudente ao adentrar no acampamento sem comunicar por
ofício a ação. Acredita que se os policiais estivessem acompanhados
por agentes da Operação Sucuri o episódio teria sido evitado, mas
acontece que as mortes ocorreram na ponte, na MS-156 e não no
acampamento", conta Renato.

As investigações dão conta de que Carlito poderia estar escondido na
Aldeia Bororó, na casa do sogro. O cacique Renato comenta que o
delegado Oduvaldo Pompeu pediu para que ele fosse com a polícia
apontar o local do esconderijo. "Eu falei que não posso invadir uma
aldeia que é liderada por outro capitão, o Luciano Arévalo", conta.

O índio disse que cumpriu o dever de um cacique, mas ele não esconde o
medo de ser perseguido. "Tenho medo de ser morto por causa das
declarações que fiz contra o Carlito de Oliveira. Só que acredito que
cumpri meu papel de defender meu povo de acusações injustas. Esses
antropólogos e esses procuradores do governo só defendem índio
malandro que não gosta de trabalhar", acrescenta Renato. (C.G.)

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