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Cacique diz que CPI está sendo utilizada como 'trampolim político'

Dourados Agora-Dourados-MS
Autor: Vilson Nascimento
08 de Ago de 2005

O cacique da Aldeia Amambai, uma das mais populosas do Estado com cerca de 6 mil índios da etnia guarani-kaiowá José Bino Martins, o "Zé Bino" disse na manhã de hoje, segunda-feira, que a Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembléia Legislativa que investiga a desnutrição e a mortalidade de crianças indígenas nas aldeias do Estado está sendo utilizado como "trampolim político" não por parte dos deputados integrantes da CPI, mas sim por representantes políticos de Amambai e por grupos de oposição a sua administração dentro da própria reserva indígena.

O desabafo do cacique veio ao comentar o incidente envolvendo os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito e um grupo de indígenas liderados pelo chefe do posto da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), Arsênio Vasques na tarde do último sábado, 6, na aldeia. Segundo José Bino a integrante da CPI, no caso da visita na aldeia em Amambai, a relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito, deputada estadual Bela Barros (PDT), tem sido dirigida por um vereador do município, Osvaldo Machado Franco o "Coconho" (PRONA), para ouvir somente um pequeno grupo de indígenas declaradamente de oposição as atuais lideranças da reserva que, segundo o cacique, vem buscando a todo instante desestruturar os trabalhos realizados pelos líderes da comunidade e sem propostas de trabalho, buscam ocupar o poder.

"Não somos contrários à vinda da CPI à Aldeia Amambai, pelo contrário, queremos que os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito realizem uma devassa na aldeia, levante os problemas, busque soluções e se for o caso até punam com rigor os responsáveis por atos irregulares caso encontre, mas para fazer isso tem que ouvir a comunidade e não apenas um pequeno grupo que está servindo de trampolim político para elevar o nome de vereador", disse Zé Bino ao relatar que apesar de ser o líder eleito pela maioria da população da reserva indígena, não tem sido consultado e nem procurado pelos integrantes da CPI indígena que já estiveram por duas vezes realizando trabalhos na aldeia.

"Não tenho sido convidado a participar desses trabalhos, apesar de ser o líder da comunidade. Se convidado formalmente convocaria reuniões com todos os seguimentos de nossa comunidade para serem ouvidos pela CPI e relatarem os problemas. É de extremo interesse nosso, mas a população da aldeia em si não tem tido participação, somente um pequeno grupo que vive fazendo acusações inconsistentes tentando desestruturar nosso trabalho e o trabalho da FUNAI na reserva" disse Zé Bino.

O vereador do PRONA, Osvaldo Machado Franco, por sua vez, diz que seu trabalho não tem nada a ver com questões políticas, mas tão somente resolver os problemas da comunidade indígena, erradicando os riscos da mortalidade infantil e proporcionando uma melhor qualidade de vida para a população da reserva que hoje passa por diversas dificuldades.

Defesa do Chefe do Posto

Em relação das denúncias contra o chefe do posto da FUNAI na reserva indígena o cacique José Bino Martins disse não ter conhecimento.

"Conheço o Arsênio Vasques há muito tempo e não tenho conhecimento de irregularidades que por ventura tenha praticado", disse o cacique ao ressaltar que se existem as denúncias tem que ser apuradas, mas afirmou que pessoalmente não acredita que o chefe do posto tenha cometido irregularidades em sua função tendo em vista estar no cargo há anos e sempre gozar de prestigio perante a comunidade da aldeia.

Segundo o cacique há alguns anos a FUNAI em Brasília desautorizou a emissão de documentos para crianças indígenas de 12 anos acima e na Aldeia Amambai, por determinação do órgão federal os documentos não tem sido emitidos o que pode ter gerado um mal entendido e algumas pessoas da reserva terem interpretado como que o chefe do posto tenha se negado a emitir o documento. Em relação às acusações de cobrança em valores para a emissão de documentos por parte do chefe do posto, José Bino Martins afirmou não ter conhecimento e disse não acreditar dessa hipótese.

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