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Caçadores recebem policiais a bala no Tinguá

O Globo, Rio, p. 23
21 de Dez de 2007

Caçadores recebem policiais a bala no Tinguá
Operação da PF contra caça clandestina e extração ilegal de palmito começou domingo na reserva biológica

Antônio Werneck

Depois de enfrentar uma troca de tiros que durou cerca de cinco minutos dentro de mata densa, mas que não deixou feridos, policiais federais prenderam três caçadores, um palmiteiro e um comerciante que comprava palmito extraído ilegalmente, durante uma operação na Reserva Biológica do Tinguá, em Nova Iguaçu. Há dois anos, na mesma reserva, o ambientalista Dionísio Júlio Ribeiro Júnior, conhecido como Seu Júlio, foi executado a tiros depois de iniciar uma campanha contra caçadores e fazer denúncias da extração ilegal de palmito. A operação na Reserva do Tinguá começou domingo, depois que oito policiais, entre eles o próprio delegado Alexandre Saraiva, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico (Delemaph) da PF do Rio, acamparam na reserva. Anteontem, depois de caminharem mais de cinco horas, os policiais encontraram cinco caçadores que montaram um acampamento na mata. Na aproximação, os federais foram recebidos a tiros. Dois caçadores conseguiram fugir e três foram presos.

Apreensão de armas, animais abatidos e munição

No acampamento, os policiais encontraram um tatu , uma paca e uma cutia, todos recémabatidos, além de três espingardas calibre 24 (usadas como escopetas), 20 trabucos (espécie de arma usada em armadilhas), material para confecção de munição (pólvora, espoleta e projéteis), roupa de camuflagem militar (gandola, cinto e mochila) e 13 cartuchos de espingarda calibre 24. Foram presos no local os caçadores Reginaldo Silveira Ambrósio, Antônio Jorge dos Santos Pereira e Max Emiliano de Azevedo. Durante a operação também foi preso o palmiteiro Luiz Penha, que já havia sido preso outras duas vezes pela Polícia Federal e cumprido três anos de prisão. Com ele foram recolhidos 50 caules de palmito in natura e aproximadamente 120 frascos de palmito em conserva. Também foi preso o comerciante José Jurimar Alves de Assis, que comprava os palmitos de Luiz Penha. Ele ainda tentou, ao receber voz de prisão, subornar os policiais federais.

As operações da PF na reserva têm como objetivo reprimir a caça, a extração de palmito e as invasões para grilagem de terra. A Reserva de Tinguá, abrangendo nove municípios do Estado do Rio, entre eles Nova Iguaçu, é considerada de fundamental importância em virtude de sua biodiversidade e dos mananciais de água.

O Globo, 21/12/2007, Rio, p. 23

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