VOLTAR

Bush nega apoio a Blair em acao climatica

FSP, Ciencia, p.A11
04 de Jul de 2005

Presidente dos EUA descarta uma mudança de política para reunião do G8; Chirac, Putin e Schröder estão otimistas
Bush nega apoio a Blair em ação climática
MARIE WOOLF
DO "INDEPENDENT"
A esperança do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, de obter avanços para combater o aquecimento global foi definitivamente enterrada ontem, quando o presidente dos EUA, George W. Bush, deixou claro que não ajudará o premiê a conceber um acordo para o combate à mudança climática na reunião do G8, em retribuição ao apoio na guerra do Iraque.
É mais um elemento para reduzir as expectativas para o encontro que começa depois de amanhã em Gleneagles (Escócia) no que diz respeito à coordenação dos países mais ricos do mundo com o objetivo de conter o acirramento do efeito estufa. Bush declarou que vai ao G8 "com uma agenda que eu acho que é a melhor para o nosso país", em entrevista concedida ontem à televisão britânica.
Quando perguntado se ele pretendia colaborar com o primeiro-ministro em retribuição ao apoio britânico à invasão do Iraque, Bush respondeu: "Você sabe, Tony Blair tomou decisões que pensou ser as melhores para o povo da Grã-Bretanha, e eu tomei decisões sobre o que eu achei que era melhor para os americanos. Eu realmente não vejo nossa relação como uma de "quid pro quo'".
Bush disse ainda que não assinaria nenhum acordo internacional que "parecesse com Kyoto" para reduzir a mudança climática. Em vez disso, favoreceria planos de cooperação em "tecnologias", inclusive "mais energia nuclear".
Outro mundo
A resistência americana faz grande contraste à posição de outras nações do G8, que ontem argumentaram em favor de um avanço. Jacques Chirac, presidente da França, disse que os países estavam no rumo para acertar um acordo sobre o aquecimento global. "Tivemos algumas discussões difíceis e parece que estamos indo na direção de um acordo", disse Chirac, numa entrevista coletiva realizada na Rússia ao lado do presidente russo, Vladimir Putin, e do primeiro-ministro alemão, Gerhard Schröder. Foi graças ao apoio de Putin que o Protocolo de Kyoto, que objetiva a redução das emissões de gases agravantes do efeito estufa, pôde entrar em vigor, em fevereiro, sem os EUA.
Chirac ainda espera que os Estados Unidos voltem à mesa de negociações e tratem a mudança climática como uma questão séria, que merece algum comprometimento. "Espero que possamos alcançar um acordo que seja suficientemente claro e firme." Promete que ao menos a França terá essa firmeza de propósito.
Já Tony Blair, que há tempos levanta a bandeira do aquecimento global como forma de recuperar seu prestígio dentro e fora de seu país, parece mais conformado com a reticente presença americana nas discussões sobre clima. Em uma entrevista à revista "Time", ele pareceu já admitir que Bush não iria apoiá-lo em Gleneagles.
Questionado se o presidente devia a ele esse apoio, após a atuação britânica no Iraque, Blair respondeu: "Esse não é o jeito certo de ver a questão. O que o presidente deve fazer é o que é certo para a América e para o mundo".
Complementou a resposta sinalizando a baixa expectativa que o Reino Unido tem de avançar na questão climática durante a reunião. "O G8 não é um lugar onde você pode negociar um novo tratado de mudança climática."

FSP, 04/07/2005, p. A11

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.