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Brasil sai do mapa mundial da fome, afirma ONU

OESP, Metrópole, p. A25
17 de Set de 2014

Brasil sai do mapa mundial da fome, afirma ONU
Desde 2012, apenas 1,7% da população brasileira não sabe se terá refeição seguinte. Em 22 anos, redução do problema foi de 84,7%

Lisandra Paraguassu

O último relatório sobre segurança alimentar no mundo, apresentado ontem pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, em inglês), tirou o Brasil do mapa mundial da fome. Desde 2012, apenas 1,7% da população brasileira pode ser considerada em situação de insegurança alimentar -em que não se sabe se terá a refeição seguinte. Nos 22 anos analisados pela organização, houve redução de 84,7%, a maior do mundo.

"Isso não quer dizer que não há mais fome. Mas a fome estrutural, essa sim o Brasil superou", afirmou a diretora-geral adjunta da FAO para América Latina e Caribe, Eve Crowley. O índice, considerado residual pela FAO, é inferior aos 2% do continente europeu. Mas, em uma população de mais de 200 milhões de pessoas, 1,7% não é, quando se olha os números absolutos, desprezível. São 34 milhões de pessoas a quem as políticas públicas não alcançaram.

"Um dos grandes desafios do Brasil é incluir essas comunidades nas políticas sociais. Não é problema de produção de alimentos.A produção brasileira dá para alimentar praticamente meio mundo", avaliou Daniel Balaban, diretordo Programa Mundial de Alimentos (PMA). A subalimentação residual no Brasil se concentra em populações mais difíceis de alcançar: Indígenas, quilombolas, ribeirinhos que vivem em locais muito afastados de centros urbanos, moradores de rua e ciganos. "É cada vez mais difícil de chegar. Não funcionam mais só políticas nacionais, é preciso aumentar a busca ativa por essas pessoas", diz a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello.

Os dados levantados pela FAO mostram que o avanço brasileiro se dá a partir do triénio 2000-2002. Entre 1990-92 e esse segundo período, usado como referência pela organização, a redução no número de pessoas subalimentadas foi de apenas 15,6%. Na década seguinte, de 82,1%. Em números absolutos, são 3,5 milhões de pessoas no primeiro período e 15,6 milhões no segundo.

Política. A FAO e o próprio governo brasileiro creditam os resultados a uma série de medidas tomadas e, principalmente, à decisão política. "Bolsa Família, reajuste real do salário mínimo e o aumento no número de pessoas empregadas tiveram impacto direto na melhoria da renda e, consequentemente, na alimentação", afirma Tereza.

Apesar da amplidào das ações adotadas no Brasil, que vão desde os programas de transferência de renda até a merenda escolar e a garantia de compra da produção da Agricultura familiar - ambas bastante destacadas pela FAO -, os números mostram que a diminuição da insegurança alimentar caminham lado a lado com a redução da pobreza em geral. Entre 2001 e 2012, o Brasil conseguiu diminuir em 75% o número de pessoas que vivem na pobreza extrema - aquelas que têm renda média equivalente a US$ 1 por dia alcançando 3,5% da população. A pobreza, identifica pela renda equivalente a US$ 2 por dia, caiu 65% no mesmo período, chegando a 84%.

OESP, 17/09/2014, Metrópole, p. A25

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