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Brasil negocia venda de serviços do Sivam ao Peru

Estado de S. Paulo-São Paulo-SP
Autor: ROBERTO GODOY
16 de Out de 2003

Governo peruano vai construir pequeno complexo e integrá-lo ao conjunto brasileiro

Divulgação
O Ministério da Defesa peruano vai investir cerca de US$ 100 milhões no centro de dados e arcar com as horas-vôo dos aviões eletrônicos da FAB, estimadas em US$ 3,5 mil

O governo do Peru está criando um amplo programa de defesa da região de florestas tropicais úmidas na fronteira com o Brasil. O projeto é conseqüência do acordo de cooperação firmado em agosto, em Lima, pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alejandro Toledo.

O Ministério da Defesa peruano prevê a compra de informações produzidas pelo Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) com sede em Manaus. O país vai construir um pequeno complexo próprio e integrá-lo ao conjunto brasileiro. O custo de todo o processo é estimado em US$ 100 milhões. Lula ofereceu a Toledo os serviços das empresas que participaram da construção do Sivam.

Não há valores fixados para os serviços. Relatório preparado pela assessoria de política estratégica do ministro da defesa, Aurélio Loret de Mola Bohmeas, informa que "o aluguel dos aviões eletrônicos R-99A e R-99B da Força Aérea Brasileira (FAB) exige que o Tesouro Nacional desembolse US$ 3,5 mil a cada hora de vôo".

O plano tem duas etapas. A primeira, de curto prazo, se restringe a receber de forma limitada e por meios convencionais as informações do Sivam. A segunda implica a compra de cinco radares fixos de médio porte, aptos a cobrir 60% da região amazônica dentro do território do Peru. Em setembro uma delegação do Peru esteve no Sivam. Os técnicos saíram com três ofertas: 1) receber dados civis, ambientais principalmente, 2) montar um núcleo de defesa aérea e controle do tráfego semelhante aos existentes no Brasil e 3) montar uma espécie de mini-Sivam. Segundo o Ministério da Defesa, em todos os estágios haveria participação de pessoal brasileiro. "Nosso pessoal desenvolveu os programas e a estrutura física do sistema; logo está apto a prestar esse apoio", sustenta um assessor do ministro José Viegas Filho.

O gerenciamento e comando do conjunto será feito por um Centro Regional de Vigilância (CRV) semelhante aos operados no Brasil. Segundo o ministro Aurélio Loret, "o governo brasileiro comprometeu-se em montar essa estação terrestre de coordenação em Pucallpa ou em Lima". Toledo autorizou a contratação da primeira unidade até o fim do ano com previsão de montagem em 2004.

Hoje o olhar eletrônico em terra ou embarcado nos jatos de alerta avançado e controle do espaço R-99A ou de sensoriamento remoto e vigilância R-99B, da FAB, se estende por cerca de 50 quilômetros além da fronteira peruana. Os dados coletados por esses sofisticados aviões, produzidos pela Embraer sobre a plataforma do Emb-145 de passageiros, interessam às autoridades peruanas para obter "informações exatas sobre corte ilegal de madeira, rotas do narcotráfico, vôos clandestinos e a movimentação da guerrilha do Sendero Luminoso", diz o professor Orlando Enriques Copal, consultor do Ministério da Defesa.

A aviação militar do Peru utiliza 16 aviões Emb-312 Tucano convertidos para missões de interdição aérea ou ataque leve, armados com foguetes e metralhadoras. São modelos dos anos 80. "Com o controle efetivo do bloco leste e nordeste da selva será necessário dispor de equipamentos mais modernos como os Emb-314 Supertucano", diz o coronel Edoardo Solano, líder do esquadrão.

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