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Brancos, negros e índios

Dourados Agora - www.douradosagora.com.br
Autor: Pe. Crispim Guimarães dos Santos
26 de Nov de 2008

Meses atrás, ouvimos e vimos tantas acusações acerca do trabalho da Igreja Católica, como se esta fosse a grande responsável pela situação atual das demarcações das terras indígenas no Mato Grosso do Sul.

A Igreja ouviu com atenção todas as afrontas e como mãe, depois de esfriados os ânimos, quis acolher os representantes dos diversos organismos e instituições envolvidos, começando pelos proprietários de terras; depois novamente com esses, através do vereador Eduardo Marcondes e como a filosofia católica sempre primou por mediar conflitos, se propôs encontrar a todos para um momento histórico.

Não por acaso, mas por graça de Deus e pela gravidade do problema e da definitiva resolução da causa, dia 11 de novembro, estávamos na mesma mesa: Igreja Católica, representantes dos agricultores e políticos, índios, Ministério Público, Conselho Missionário Indiginista (CIMI), Famasul, antropólogos, faltando somente a FUNAI que estava com atividade nacional, anteriormente agendada.

A primeira conclusão que tirei: quem não dialoga não encontra respostas, a segunda: todos queremos encontrar caminhos que tragam justiça e paz, por fim: por maiores que sejam as nossas "discordâncias", somos irmãos e como tais percebemos que podemos trabalhar juntos e apontar saídas honrosas a todos.

Naquela memorável tarde, muitos puderam expor suas queixas e até ressentimentos, mas sobretudo, todos disseram que não se pode mais viver com estas ameaças, portanto, somos desejosos de um solução justa. Para melhor contribuir neste processo, foi constituída uma Comissão com as pessoas ali representadas, acrescentando a FUNAI e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Daqui em diante, o caminho será o diálogo propositivo, baseado no respeito e na lei, procurando saídas, acompanhando de modo transparente cada situação e buscando nos organismos competentes, maneiras de sanar este problema que não é só dos índios e dos fazendeiros, mas de toda a sociedade e do governo, que no passado constituiu e dividiu a região como está hoje e se os governos são representativos, a sociedade não pode se eximir também das suas responsabilidades, por isso mesmo, estamos diante de um problema que é de toda sociedade, daí o interesse da Igreja Católica em encontrar "portas", digo portas, só para lembrar que Jesus era carpinteiro, construía portas e janelas, e não pedreiro para levantar muros. Por que teríamos que ser nós a fazê-lo?

Abre-se mais um espaço de diálogo e de apresentação de proposta concretas, e a julgar pela disposição e seriedade dos organismos, instituições e pessoas envolvidas, acredito que começamos um tempo novo, mesmo porque vivemos numa democracia, onde o diferente, não significa necessariamente oposição, mas "um" outro que constrói e apresenta uma visão diversa do mundo e dos fatos.

Desprendamo-nos dos nossos preconceitos e nos coloquemos na atitude de cristãos e "humanistas", para que juntos encontremos os caminhos mais adequados a esta situação ardorosa, que tanto tem marcado os nossos irmãos indígenas e produtores rurais e, por conseguinte a todos nós.

Deus, que nunca abandona seus filhos, não nos deixará à deriva neste momento difícil pelo qual passamos.
Acreditemos!

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