VOLTAR

BR 163: Começa tratamento de emergência - 09/11/2004

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: Marianna Peres
09 de Nov de 2004

Em um trabalho de parceria entre governo estadual e prefeituras, 500 quilômetros recebem "tapa-buraco"

Os 50 quilômetros que ligam Jangada a Rosário Oeste, considerado o pior trecho da BR-163, até Sinop (503 quilômetros ao Norte de Cuiabá), está recebendo um tratamento emergencial. O governo do Estado em parceria com sete prefeituras municipais iniciou ontem, a operação tapa-buraco, desde o Trevo do Lagarto em Várzea Grande, até Sinop. Estão sendo aplicados pelo Estado R$ 800 mil.

"Na semana passada tivemos uma reunião em Brasília em que o governo Federal garantiu que iniciaria as obras emergenciais. Como nada foi feito, estamos mais vez, salvando vidas e reduzindo as perdas da nossa safra", argumentou o governador de Mato Grosso Blairo Maggi.

Durante um discurso no município de Rosário Oeste (133 quilômetros de Cuiabá), que lançou as obras de emergência na BR 163, Maggi ressaltou que a responsabilidade sobre a rodovia é do governo Federal, mas que não há tempo para perder. "Daqui a pouco começa o período chuvoso, que além de não oferecer condições de trabalho neste trecho, tende a piorar e tornar a via intrafegável, tanto para veículos como caminhões e carretas", justifica.

O secretário de Infra-Estrutura, Luiz Antônio Pagot, explica que várias frentes ao longo dos 500 quilômetros foram abertas ontem e deverão levar 30 dias até a conclusão. Confirmaram apoio as prefeituras de Várzea Grande, Rosário Oeste, Nobres, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Diamantino. Segundo a assessoria da Secretaria de Infra-Estrutura (Sinfra), as prefeituras de Jangada e Sinop, ainda não anunciaram apoio.

Nesta parceria, Pagot explica que do total aplicado pelo Estado são R$ 700 mil em insumos e R$ 100 mil para pagamento e despesas com mão-de-obra. Ao Estado cabe o fornecimento de PMF, um material betuminoso, pedra-brita e maquinário. As administrações municipais fornecem 10 homens para a obra, um mestre-de-obras e dois caminhões basculantes. De acordo com o prefeito de Rosário Oeste, Zeno Gonçalves, em 30 dias de obras serão aplicados cerca de R$ 20 mil. O prefeito de Nova Mutum (269 quilômetros ao Médio Norte de Cuiabá), Adriano Pivetta, contabiliza que por dia, estará investindo cerca de R$ 2 mil, para a operação tapa-buraco de 180 quilômetros do Posto Gil a Lucas.

Gonçalves destaca que somente entre Jangada e Rosário, diariamente deverão ser consumidos 20 caminhões de PMF de 5 toneladas. "Acredito que este trecho esteja pronto em uma semana, pois alguns buracos são tão profundos que necessitam de terraplanagem para serem corrigidos", frisa. Entre as duas cidades, existem inúmeros buracos nas duas vias, e crateras que tomam conta de toda a pista. É preciso parar o veículo, para vencer o obstáculo.

FETHAB - Além de evitar a média diária de cinco acidentes a cada 24 horas, Maggi explica que o trabalho emergencial vai contribuiu para a redução de custos durante o escoamento da safra. "Pois aqui na BR-163 os fretes são mais caros, estoura-se pneus com facilidade e sempre há problemas de eixos nos caminhões lotados com nossos grãos".

Mas o governador alerta que os recursos oriundos do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) vão fazer falta em algum lugar. "Remanejamos de emergência estas cifras, mas não havia como ser diferente por mais um ano", alerta.

A decisão de tapar os buracos de uma rodovia de competência Federal, foi acerta na última sexta-feira, durante uma visita do secretário Pagot à região de Lucas do Rio Verde.

Tempo de viagem é cada vez maior, o que eleva o custo

O secretário de Obras de Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao Médio de Cuiabá), Dirceu Camilo Cosna, destaca que esta é uma obra para "salvar vidas e que é emergencial para minimizar os efeitos que as chuvas vão causar na malha viária, sem manutenção, até o final do ano. Não é uma obra arranca-safra", frisa.

Lucas e Nova Mutum, são importantes áreas da produção de grãos do Estado, que somente na região Médio-Norte, concentra 2,06 milhões de hectares de soja, dos 5,7 milhões que serão cultivados na safra 04/05. "A 163 (BR) é a única via de escoamento para nossa produção, não temos alternativas", aponta o prefeito de Nova Mutum, Adriano Pivetta. A previsão é de que de Mutum sejam escoadas 20 milhões de sacas (60 quilos de soja) e de 14 milhões de sacas de Lucas.

Para o caminhoneiro Ricardo de Almeida, que transportava ontem um carregamento de soja de Rondonópolis (210 quilômetros ao Sul de Cuiabá) para a Capital, o maior prejuízo pela falta de conservação da BR-163 é com relação ao tempo de permanência na rodovia. "O trecho do Posto Gil a Jangada (90 quilômetros), que deveria ser feito em uma hora, leva atualmente três horas, isso encarece frete e aumenta os custos de manutenção do caminhão", avalia.

O prefeito de Nova Mutum, destaca ainda que os 500 quilômetros que separam Cuiabá de Sinop não são percorridos em menos de dez horas. "Acreditamos que com este trabalho emergencial, o trecho volte a ser percorrido em cerca de sete horas".

Mas o prefeito destaca que a majoração do custo do frete é o pior reflexo que o produtor absorve da BR-163. "O período chuvoso coincide com as primeiras colheitas, então sofremos uma majoração de preços em dobro, pois há aumento de demanda pelo transporte, o que torna o frete naturalmente mais caro e com as péssimas condições de tráfego, há outro motivo para a majoração. Só este último, eleva em até 30% o valor do transporte por tonelada", observa.

Em período de entressafra, o custo do frete de Nova Mutum a Cuiabá, está hoje em cerca de R$ 25 a tonelada, uma carreta transporta em média, 27 toneladas.

Segundo o secretário de Infra-Estrutura, Luiz Antônio Pagot, há no Estado um déficit de 500 carretas. "Que não consegue acompanhar a velocidade da expansão de produção agrícola estadual".

Pagot frisa que Cide é constitucional

Durante o início dos trabalhos emergenciais na BR-163, o secretário de Infra-Estrutura, Luiz Antônio Pagot, enfatizou que os repasses do governo Federal, via Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide), são constitucionais. "Mato Grosso recebe 2,67%, do percentual distribuído aos estados e município", frisa.

As cifras que formam a Cide, originam de tributos sobre o óleo diesel e a gasolina. Setenta e cinco por cento do arrecado fica com a União, para investimentos no setor dos transportes e o restante via para estados e municípios.

Neste ano, o Estado recebeu três parcelas que totalizam R$ 23,4 milhões e que mais uma está prevista para o início de janeiro de 2005, de R$ 9,10 milhões. Os repasses estão sendo empregados nas obras das MTs 170, 130 e 220.

O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi destacou que as verbas da Cide vêm destinadas a uma determinada aplicação. "Só o governo estadual já construiu 13 quilômetros ao longo da BR-163, rodovia federal", sentencia.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.