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Bovespa muda ações de carteira 'sustentável'

OESP, Economia, p. B16
28 de Nov de 2007

Bovespa muda ações de carteira 'sustentável'
No novo índice de sustentabilidade divulgado pela Bolsa, empresas de aviação perdem espaço para as de energia

Andrea Vialli

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) anunciou ontem a nova carteira de ações do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). O índice reúne ações de empresas que, segundo critérios de avaliação da Bolsa, aliam preocupações socioambientais e de governança corporativa a um bom desempenho econômico. Foi a segunda revisão da carteira do índice, que passou a vigorar em dezembro de 2005 e é considerado o único com esse perfil na América Latina.

A nova carteira, que entra em vigor em dezembro, vai reunir 40 ações de 32 empresas. Juntas, essas empresas têm um valor de mercado de R$ 927 bilhões. Esse montante corresponde a 39,6% da capitalização total da Bolsa, que atualmente é de R$ 2,3 trilhões.

As sete novas empresas a integrar o índice são AES Tietê, Cesp, Eletrobrás, Light S/A, Sadia, WEG e Sabesp. Na contramão, oito empresas que figuravam na listagem até então foram excluídas: ALL, Gol, TAM, Celesc, Itaúsa, Localiza, Unibanco e Ultrapar.

De acordo com Ricardo Nogueira, diretor de operações da Bovespa, este ano a carteira ficou mais diversificada em relação aos anos anteriores, com maior presença de setores como energia elétrica - 11 empresas, que em ativos equivalem a 13% da carteira - alimentos e papel e celulose. O peso do setor financeiro, que era de 41% do índice em 2006, caiu para 37%.

"Para estar no ISE as empresas precisam realizar investimentos socioambientais e estar em dia com questões trabalhistas e de direitos do consumidor, além de serem rentáveis", diz. A saída de empresas aéreas como TAM e Gol pode ser reflexo dos problemas de infra-estrutura aérea, reconhece Nogueira. "Fatores conjunturais podem prejudicar o desempenho das empresas no decorrer do ano, o que pode comprometer sua permanência na carteira."

A seleção das empresas obedece a uma análise de sustentabilidade, feita a partir de um questionário com 150 perguntas que é enviado às companhias. "Entram no índice as empresas que conseguem boa pontuação em todos os aspectos avaliados e que comprovam, por meio de documentos, a veracidade das informações", explica Mario Monzoni, coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas, que elabora o questionário.

Inspirado no Dow Jones Sustainability Index (DJSI), da Bolsa de Nova York, o ISE foi criado para servir de referência nacional para os chamados fundos SRI (socially responsible investments), que privilegiam empresas com esse perfil.

CRESCIMENTO

Desde 2005, com a criação do ISE, esse segmento vem crescendo no País. "Os fundos com esse perfil já acumulam um patrimônio líquido de R$ 1,7 bilhão, e a tendência é de crescimento", diz Roberto González, assessor de sustentabilidade da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec). Só a família de fundos Ethical, do ABN Amro Real, acumula um patrimônio de R$ 670 milhões. Há um ano, o patrimônio de todos os fundos com esse perfil no País estava em torno de R$ 500 milhões.

Um dos motivos dessa expansão é o interesse dos investidores institucionais. Este ano, os 14 maiores fundos de pensão do País, como o Valia (da Vale) e o Petros (da Petrobrás), passaram a considerar temas ligados à sustentabilidade em suas decisões de investimentos.

Quem faz parte

Energia elétrica: AES Tietê, Cemig, Cesp, Coelce, Copel, CPFL, Eletrobrás, Eletropaulo, Energias do Brasil, Light e Tractebel

Setor financeiro: Banco do Brasil, Bradesco e Itaú

Siderurgia e Metalurgia: Acesita, Gerdau e Gerdau Metalurgia

Saneamento: Sabesp

Análise e Diagnósticos: Dasa

Alimentos: Perdigão e Sadia

Rodovias: CCR

Equipamentos: WEG

Transporte: Embraer e Iochpe-Maxion

Papel e Celulose: Aracruz, Suzano e Votorantim Celulose e Papel

Petróleo e Gás: Petrobrás

Petroquímica: Braskem e Suzano

Cosméticos: Natura

OESP, 28/11/2007, Economia, p. B16

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