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Bororos afirmam viver em condições críticas

Diário de Cuiabá
Autor: Rodrigo Vargas
15 de Ago de 2006

A Comissão Interinstitucional de Apoio ao Povo Bororo irá levar ao Ministério Público Federal a situação crítica vivida pelas famílias da etnia que há dois meses retornaram à Terra Indígena Jarudóri. Invadida e colonizada desde a década de 1950, a área abriga hoje a sede do distrito de Jarudore, no município de Poxoréo.

A Aldeia Nova, aberta em junho por cerca de 32 representantes da etnia, foi tema de reportagem publicada pelo Diário. À ocasião, já era possível perceber a falta de infra-estrutura da área de aproximadamente 10 hectares escolhida pelos índios para iniciar a retomada da área original - 4,6 mil hectares.

O relatório a ser encaminhado ao MPF foi produzido a partir de uma visita de campo da qual participaram representantes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), um antropólogo e um estudante da UFMT. A situação relatada é de risco para as oito famílias que permanecem no local.

"Atualmente as pessoas moram em seis casas de palha, feitas por eles mesmos em um antigo sítio abandonado por seus antigos invasores. O córrego escasso de água no período de seca serve de água aos índios e fica há aproximadamente 300 metros do grupo de casas", diz um trecho do documento.

A terra é improdutiva e faltam áreas de pastagens para as 36 cabeças de gado trazidas pelos índios até o local. Os bororo possuem ainda quatro porcos e uma horta que pouco produziu até o momento. Há crianças entre os ocupantes da área.

Outro risco, de acordo com o relatório, diz respeito à proximidade com a vila erguida pelos brancos. O clima é de tensão. "Após a reocupação, criou-se uma insegurança na população invasora do local pelo medo de perder as terras para os seus verdadeiros donos. Isso fez com que eles se mobilizassem".

A Funai, até o momento, não visitou a nova área e nem tampouco a reconheceu oficialmente. "Também não foram concedidas assistências, embora as reivindicações tenham sido feitas pessoalmente".

No documento, a comissão pede a colocação de placas oficiais de identificação de áreas indígenas na entrada da área e da aldeia Nova. "A Funai (deve) reconhecer o grupo e a reocupação e dar-lhes assistência que lhe é devida".

Entre as reivindicações, estão a instalação de uma bomba dágua e o início de um atendimento à saúde pela Funasa. Também é pedida a instalação da aldeia na área tradicional, com a posse imediata de todos os sítios e chácaras desocupados.

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