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Bolhas de plasma estão nos céus de Roraima

Brasil Norte-Boa Vista-RR
Autor: AMILCAR JÚNIOR
01 de Dez de 2002

Cientistas estudam em Boa Vista bolhas de plasma que causam interferências nas telecomunicações

O cientista Amauri Fragoso e o engenheiro do Instituto Nacional de Pesquisa Aeroespacial (INPA), Acácio Cunha, montaram uma base de pesquisa em Boa Vista
Roraima está sendo palco de um fenômeno pouco conhecido no mundo. Sobre nossas cabeças, bolhas de plasma formam-se em dimensões absurdas e podem apagar qualquer sinal via satélite.
Para estudar o fenômeno, o cientista brasileiro Amauri Fragoso, doutor em Geofísica Espacial, e o engenheiro do Instituto Nacional de Pesquisa Aeroespacial (INPA), Acácio Cunha, estãoem Boa Vista.
As bolhas de plasma ocorrem na região Equatorial do planeta. Segundo explicações de Amauri, elas formam-se a partir do gás ionizado à alta temperatura, na Ionosfera, há milhares de quilômetros da terra.
"Essas bolhas cortam sinais de telecomunicações. E isso, possivelmente, pode atrapalhar pilotos e comandantes durante uma navegação. Sem contar que elas causam interferência em emissoras que usam sinais via satélite", explicou.

Período do fenômeno
O fenômeno acontece com mais freqüência entre março e outubro. A formação das bolhas tem tempo estimado de 18 a 24 horas. O mesmo caso já foi registrado no Paquistão e na Índia.
Apesar dos esforços de cientistas de vários países, ainda não se sabe o que provoca o surgimento da bolha e o porquê do fenômeno apenas nesta região do planeta. "Temos que fazer praticamente uma previsão do clima espacial para detectarmos o fenômeno", comentou Amauri.
Caso o brasileiro consiga prever a hora do surgimento da bolha, e o local em qualquer ponto do planeta, a ciência dará um salto inédito sobre o assunto. "Assim, conseguiremos evitar que o fenômeno atinja os satélites", reforça.
A velocidade média das bolhas é de 80 metros/segundo, mas varia de acordo com outras alterações climáticas. Hospedados no hotel de trânsito da Base Aérea de Boa Vista, Amauri e Acácio ficam na cidade até o próximo dia 11.
O engenheiro do INPA aproveitou também para informar que as interferências mais freqüentes na televisão são causadas por anomalias na camada Ionosférica, local onde as bolhas de plasma atingem sua plenitude.
"Tudo que usa GPS (Sistema de Posicionamento Global) pode ser alterado por este fenômeno", garantiu Acácio. Cientistas também querem saber se a bolha se dispersa na Ionosfera ou invade o espaço, fugindo da tecnologia humana.

Cientista explica o fenômeno no Brasil

O Pesquisador do Departamento de Física da UFCG, o professor Dr. Amauri Fragoso de Medeiros, está participando de uma campanha científica denominada COPEX (Conjugate Point Experiment).
A campanha estuda um fenômeno que ocorre na ionosfera terrestre, denominado de "bolhas ionosféricas" (plasma), que consiste na formação de grandes regiões ionosféricas, onde a densidade do plasma (íons e elétrons livres) fica altamente reduzida.
Esse fenômeno, que ocorre apenas na região tropical do globo terrestre, e, portanto, não ocorre sobre os países de "Primeiro Mundo", é particularmente forte sobre a região brasileira.
O foco da campanha científica é aprimorar a capacidade de previsão da ocorrência e do desenvolvimento das bolhas sobre o Brasil, interferindo fortemente nas telecomunicações, de um modo geral, inclusive nas radiocomunicações via satélite, através da degradação do sinal.
O principal sintoma das bolhas é a interrupção das telecomunicações. Dessa forma, o fenômeno tem uma importância em diversas atividades espaciais da vida moderna.
Há registros de sua forte interferência, sobre o território brasileiro, nas redes do sistema de localização GPS, em sistemas de navegação aérea e marítima, nos sistemas de televisão por satélites.
Por outro lado, sob o ponto de vista científico, as bolhas ionosféricas constituem um elemento chave da variabilidade do clima espacial, cuja previsão é essencial para o planejamento das atividades e dos sistemas de aplicações espaciais.
O estudo da variabilidade das bolhas e sua previsão a curto prazo, portanto, se destacam como um dos importantes objetivos da pesquisa espacial, atualmente, pela comunidade científica nacional e internacional.

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