VOLTAR

Boi organico amplia mercados para a pecuaria

OESP, Especial Exportacao, p.H12
29 de Jun de 2004

Boi orgânico amplia mercados para a pecuária
Trinta produtores já criam plantel de 300 mil cabeças em quatros estados brasileiros
DANIEL HESSEL TEICH
O título de maiores exportadores de carne do mundo não basta para os pecuaristas brasileiros. Eles querem conquistar todos os nichos de mercado possíveis. A próxima investida será no segmento de carne orgânica, um ramo crescente em países como Alemanha, Inglaterra e Itália. Juntos, os três consomem 63% de toda a carne brasileira enviada para a Europa. Estimativas da International Trading Center (ITC), organização com sede na Suíça, apontam que entre 1989 e 2000 o comércio de produtos orgânicos no mundo saltou de US$ 2 bilhões para US$ 19 bilhões, um aumento de 950%.
Atualmente, 30 pecuaristas criam gado, cerca de 300 mil cabeças são orgânico nos estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins. A expectativa é de que as primeiras vendas para o exterior ocorram a partir do ano que vem. Há expectativas de que nos próximos anos o mercado de carne orgânica seja dominado por três produtores: Brasil, Austrália e Argentina.
A principal diferença do boi orgânico para outras variedade como o boi verde, boi ecológico ou natural diz respeito a um atestado de origem controlada que é conferido ao criador. A carne orgânica recebe um certificado especial que lhe franqueia automaticamente os principais mercados do mundo.
Para criar boi orgânico o fazendeiro tem de mudar seu sistema de produção. "E preciso um certo comprometimento com a causa", diz o fazendeiro Homero Figliolini, presidente da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO). Para conseguir a certificação legal, em fase final de regulamentação no Brasil, o fazendeiro precisa seguir rigorosamente as regras de preservação ambiental em sua propriedade. Tem ainda de demonstrar compromisso social, oferecendo educação para as crianças da fazenda, respeitando a legislação trabalhista e não permitindo o trabalho infantil. Por fim, só pode dar remédios aos animais quando prescritos por veterinários, principalmente se forem antibióticos e vermífugos. Se o fazendeiro puder tratar os animais apenas com homeopatia ou produtos fitoterápicos em vez dos medicamentos alopáticos, melhor.
Pelos dados da ABPO, a criação orgânica permite agregar até 10% de valor ao preço da carcaça do animal. Com isso, a taxa de lucratividade pode aumentar até 70%. "No começo o produtor tem um certo gasto com insumo e a produtividade diminui. Com o tempo, o negócio passa a ser vantajoso", explica Figliolini.

OESP, 29/06/2004, p. H12

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.