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Bloqueio de moradores atrasa obra de usina

FSP, Brasil, p. A19
12 de Dez de 2004

Bloqueio de moradores atrasa obra de usina
Famílias do Movimento dos Atingidos por Barragens pedem indenização e impedem desmatamento de área entre RS e SC

Um bloqueio feito por integrantes do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) atrasou o cronograma das obras da Usina Hidrelétrica de Barra Grande, no rio Pelotas, na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O empreendimento, no qual já foi investido R$ 1,3 bilhão pela Baesa (Energética Barra Grande S.A.), teve o prazo para enchimento da represa prorrogado de fevereiro para abril de 2005.
Segundo Carlos Miranda, diretor-superintendente da Baesa, na última quinta-feira ficou acertado que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) irá arbitrar o impasse, definindo quais famílias terão direito à indenização.
Miranda espera, com isso, manter o cronograma inicial para o início de geração de energia -iniciar as operações em outubro do próximo ano, com o funcionamento da primeira unidade de usina.
O MAB impede, desde 21 de outubro, o desmatamento da área do reservatório da usina. Na última quarta, a empresa obteve reforço policial para reiniciar o corte de árvores para enchimento do lago da represa. Mas a presença de cerca de mil integrantes do MAB e a ameaça de um conflito fizeram com que a Baesa desistisse de retomar os trabalhos.
Apesar de o MAB impedir o desmatamento, o foco da disputa é a indenização de 731 de 2.018 famílias atingidas pela barragem. Elas não foram contempladas no plano de remanejamento da Baesa. Existe também a ação de ambientalistas, que foram à Justiça Federal contra o alagamento de matas nativas de araucárias.
Em 8 de novembro, a tensão na área aumentou com a morte do operário Lourival Tadeu da Silva, 36, que trabalhava para a Baesa. A morte está sendo investigada.
O MAB acusa ainda a Baesa de não cumprir acordo de indenizar, na totalidade, propriedades com menos de 25 hectares que teriam parte de sua área alagada.
Miranda, da Baesa, diz que todos os proprietários de áreas até 25 hectares tiveram duas opções de escolha: cartas de crédito no valor de R$ 105 mil ou inclusão nos projetos de reassentamento da própria Baesa, com um custo de R$ 170 mil para a empresa.
Colaborou Adriana Chaves, da Agência Folha

FSP, 12/12/2004, Brasil, p. A19

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