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Blitze contra incêndios - Unidades de conservação do DF adotam idéias de Paulo Freire para promover educação ambiental e defender áreas protegidas de incêndios florestais

ICMBio - www.icmbio.gov.br
Autor: Carla Lisboa
04 de Jun de 2009

O período seco já começou e, em Brasília, quando cessam as chuvas, iniciam-se os incêndios nas unidades de conservação. Para evitar a destruição de áreas preservadas do cerrado no Distrito Federal, as equipes de analistas ambientais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que atuam no Núcleo de Educação Ambiental do Parque Nacional (Parna) de Brasília, na Reserva Biológica (Rebio) da Contagem e na Floresta Nacional (Flona) de Brasília estão comemorando a semana do meio ambiente deste ano com uma série de atividades educativas para a população do Distrito Federal (DF) a fim de minimizar os efeitos do fogo na região.

Amanhã, encerra-se a Exposição Socioambiental, que acontece na Rodoviária,e intensificam-se as blitze em vários pontos do DF, sobretudo nas vias próximas às unidades de conservação. A fiscalização, que começou no dia 3 e vai até 9/6, não é punitiva, e sim educativa. Além da distribuição de um panfleto com explicações sobre como evitar o fogo, as equipes do ICMBio vão mostrar os prejuízos que os incêndios florestais acarretam tanto nas unidades de conservação como na cidade. As blitze fazem parte de uma campanha de prevenção de incêndios florestais iniciada dia 1o/6.

As brigadas de incêndio contratadas em maio iniciaram suas primeiras atividades durante as blitze, atuando na sensibilização da população sobre os problemas e questões provocados pelo fogo. Esse trabalho faz parte do Projeto Incêndios Florestais: Educa-Ação Preventiva, cujo ponto culminante será a assinatura de um Protocolo de Intenções para Diminuição do Uso do Fogo e Busca de Alternativas Sustentáveis a ser firmado com as comunidades urbanas e rurais do entorno das unidades para, gradualmente, eliminar o uso do fogo e substituí-lo por formas de manejo mais adequadas.

MÉTODO PAULO FREIRE - Inovador, o projeto tem como uma das principais propostas o estímulo à adesão dessas comunidades às atividades de proteção das áreas conservadas e o envolvimento de várias escolas da Secretaria de Educação do DF no trabalho de educação ambiental. O ineditismo do projeto está na adoção dos princípios da Pedagogia da Autonomia desenvolvida pelo educador Paulo Freire. Pela primeira vez no País um projeto de educação ambiental para prevenção do fogo levará em conta "o conhecimento prévio da comunidade, seu contexto sociocultural, a construção coletiva do conhecimento e o processo educativo visando à formação de cidadãos autônomos com capacidade crítica para discutir e (re) construir suas ações", informa o texto do projeto.

A metodologia também é inovadora. Ela foi elaborada levando-se em consideração o perfil das comunidades do entorno das unidades de conservação. As atividades desse projeto estão divididas em três fases, a saber: Apresentação; Envolvimento e participação; Conhecimento e mudança. Outras ações, como a aplicação de um questionário para coletar informações sobre a Campanha de Prevenção e a distribuição de uma filipeta sobre Incêndios Florestais, também fazem parte do projeto.

MILHÕES DE HECTARES QUEIMADOS - Informações do projeto dão conta de que o fogo "em ecossistemas naturais causam danos consideráveis todos os anos em diversos biomas, ameaçando o funcionamento dos ecossistemas, a diversidade biológica e os processos atmosféricos relacionados". Estima-se que cerca de 350 milhões de hectares são queimados anualmente no Brasil e no mundo.

No Brasil, segundo dados do projeto, "a situação é similar com os incêndios florestais se configurando como ameaça constante à integridade das unidades de conservação. Em 2008, foram registrados 266 incêndios florestais em unidades de conservação federais, atingindo mais de 120 mil ha de área queimada. No entorno das Unidades, foram registradas 268 ocorrências com mais de 138 mil ha de área atingida pelo fogo. Dentre as causas apontadas, 46% dos incêndios resultaram de atividades agrícolas ou pecuárias (formação ou manutenção de pastagem, limpeza de área para cultivo)", informa o texto.

Os incêndios provocam prejuízos quase que incalculáveis tanto do ponto de vista ecológico e conservacionista como financeiro. Além disso, afeta a biota, os solos, a água, os bens patrimoniais e também a saúde humana. Estudos sobre o tema indicam que a maior parte dos incêndios florestais é provocada pela ação humana acidental ou proposital, cujas principais causas são as atividades agrícolas e pecuárias, litígios com órgãos ambientais e vandalismo. Demonstram ainda que apenas 3% dos incêndios são resultado da combustão provocada por raios.

Confira, a seguir, a programação das unidades de conservação do DF para a semana do meio ambiente.

De 1o a 5 de junho de 2009 - Exposição Socioambiental na Rodoviária de Brasília-DF.
Dias 3, 4 e 5 de junho de 2009 - Blitz Educativa nos seguintes trechos.
Dia 3/6 e 9 - Blitz DF 001 - Sobradinho, com a participação das equipes de Educação Ambiental e Polícia Militar.
Dia 4/6 e 9 - Blitz na entrada da Cidade Estrutural.
Dia 5/6 e 9 - Blitz na entrada da Flona.

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