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Biribiri em compasso de espera

Hoje em dia
Autor: Jaqueline da Mata
16 de Jan de 2006

Biribiri, na Serra do Espinhaço: criação do parque estadual ainda não saiu do papel devido à falta de acordo com os proprietários da área.

O Parque Estadual do Biribiri, localizado no complexo da Serra do Espinhaço, a 15 quilômetros de Diamantina, na Região Central, vem sofrendo lentamente degradação ambiental que coloca em risco toda a beleza natural que abriga. O Estado é dono do terreno desde setembro de 1998, por meio de decreto, mas até hoje não tomou posse. O motivo é uma briga com os detentores de mais 70% da área pelo valor estipulado. A área vem sendo invadida por posseiros e pessoas que ali adentram para roubar areia e espécies de sempre-viva.
A secretária de Meio Ambiente de Diamantina, Débora Ramá Pires, ressalta que a cidade perde muito com a destruição gradativa do parque, rico na diversidade de flora e fauna nativa. Temos ainda constantemente relatos de turistas e banhistas que são assaltados nas imediações do parque que está abandonado", denuncia a secretária.
De acordo com o coordenador de Unidades de Conservação do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Geovani Mendes Miranda, 16.756 hectares pertencem à Estamparia S/A da família Mascarenhas. Outros 193 hectares são de Antônio de Pádua Neto e 48,4 hectares de Paulo Francisco Ávila. O valor estipulado para a desapropriação, R$ 1,6 milhão, foi considerado baixo pelos proprietários e a discussão foi parar na Secretaria de Estado da Fazenda. "O decreto fez da área um parque estadual, mas o Estado não pôde tomar posse. Mantemos uma fiscalização rotineira, com um guarda-parque. Mas a situação é tão crítica que o guarda está recebendo ameaças de invasores e oportunistas. Talvez tenhamos que retirá-lo até que a situação se resolva", revelou o coordenador.
De acordo com o superintendente da Estamparia S/A Humberto Mascarenhas, o preço estimado na época não condizia com valor real. "Estamos ainda em negociação, uma vez que a fábrica tem dívidas com o Estado. Antes do decreto, mantínhamos fiscalização rotineira, agora ela está deve ser feita pelo Governo estadual", disse Mascarenhas.

Georeferenciamento
Na tentativa de agilizar os procedimentos, o IEF está programando para este semestre um georeferenciamento - levantamentos demográfico e cartorial, minuciosos, das áreas externa e interna do parque. Já temos todo um plano de manejo para o parque, de maneira a preservá-lo e torná-lo próprio para a visitação. Mas não podemos fazer nada, enquanto a situação da posse não for resolvida", defende Miranda.
Uma das grandes dificuldades a ser enfrentada é com os posseiros, que de acordo com informações extra-oficiais são quase 200. Enquanto o impasse não se resolve, a região, considerada carente, deixa de receber investimentos.

Vila, beleza histórica e natural

O caminho que leva ao distrito de Biribiri é irresistível para quem vai a Diamantina. Além da beleza natural do Parque Estadual lá localizado, há ainda a Vila, ambos com o mesmo nome do distrito, inserido no complexo da Serra do Espinhaço. A área abriga várias nascentes e cursos d'água: o Rio Biribiri, por exemplo, que moveu as turbinas da hidrelétrica geradora da força motriz da fábrica de tecidos criada pelo Bispo Dom João Antônio dos Santos, em 1876, uma das primeiras comunidades fabris do Estado.
Tem ainda o Rio Pinheiros e diversos córregos, sendo os mais famosos o Sentinela e o Cristais. A cobertura vegetal nativa é composta por Cerrado, Campos Rupestres e Matas de Galeria. Podem ser encontradas diversas espécies da fauna, muitas delas ameaçadas de extinção, como o lobo-guará e a onça-parda ou suçuarana. Apesar de toda beleza, o parque não está aberto a visitação pública. Moradores da cidades alertam para o perigo, uma vez que a região está praticamente abandonada.
Já a Vila Biribiri, também inserida na área do parque, encanta pelo seu conjunto arquitetônico construído no final do século XIX e que documenta uma das fases do desenvolvimento de Minas Gerais. Todo este patrimônio histórico encontra-se em fase de tombamento pelo Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha).

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