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Bird reduzirá presença em projetos de infra-estrutura

OESP, Economia, p. B3
21 de Jun de 2004

Bird reduzirá presença em projetos de infra-estrutura
Atividade mais atingida deverá ser a extração de petróleo, gás e minerais

PAULO SOTERO
Correspondente

O Banco Mundial (Bird) reduzirá drasticamente e poderá até encerrar sua participação em projetos de infra-estrutura baseados em indústrias de extração de petróleo, gás e minerais, se a diretoria executiva aceitar as recomendações de uma comissão independente de avaliação de suas políticas para o setor. A comissão, liderada pelo ex-ministro do meio ambiente da Indonésia, Emil Salim, foi criada pelo presidente da instituição, James Wolfensohn, sob pressão de Organizações Não-Governamentais (ONGs), que denunciam o impacto ambiental e social negativo desses projetos. Numa decisão pouco usual, os diretores executivos divulgaram a proposta e pediram comentários públicos, na noite de sexta-feira. A decisão, que estava prevista para a semana passada, será tomada dentro de um mês.
Também numa iniciativa incomum, Salim iniciou campanha pela imprensa em favor da adoção de suas recomendações. O assunto divide os diretores e a própria equipe do Bird. Embora não haja um racha claro entre países ricos e pobres - os Estados Unidos e o Brasil, por exemplo, ainda não se pronunciaram -, governos de nações em desenvolvimento tendem a opor-se não apenas à saída do Bird de projetos de desenvolvimento como gasodutos, oleodutos e exploração de minério, porque isso levaria seu encarecimento, mas à maneira como o assunto vem sendo conduzido. "A divulgação pública de documentos internos antes das decisões da diretoria cria uma situação desequilibrada, pois as ONGs dos países em desenvolvimento não têm o mesmo acesso e capacidade de resposta das dos países ricos", disse um membro da diretoria.
Na semana passada, Ian Johnson, o funcionário responsável pelas políticas ambientais do Bird defendeu a permanência no financiamento desses projetos, numa entrevista à agência de informações Reuters. "Acredito que o banco deveria continuar engajado, porque penso que acrescentamos valor", disse Johnson. "Estou mais e mais convencido de que a presença em muitas circunstâncias é justificada mesmo quando é criticada" Salim defende a posição contrária. "Cheguei à conclusão de que o Banco Mundial precisa alterar radicalmente sua abordagem de apoio a projetos extrativos e mesmo parar por completo de financiar alguns. A razão é clara:
o banco é uma instituição pública cujo mandato é aliviar a pobreza. Não só as indústrias de petróleo, gás e de mineração não ajudaram os mais pobres, como, freqüentemente, tornaram as coisas ainda pior", afirmou Salim.

OESP, 21/06/2004, Economia, p. B3

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