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Bird libera verba para expansão de pecuária

OESP, Vida, p. A20
09 de Mar de 2007

Bird libera verba para expansão de pecuária
Bertin consegue US$ 90 mi para aumentar produção de frigoríficos

Giovana Girardi

O Grupo Bertin, maior exportador de carne bovina e couro do País, recebeu ontem um financiamento de US$ 90 milhões da Corporação Financeira Internacional (IFC), braço do Banco Mundial (Bird) que financia o setor privado, para expandir seus frigoríficos e curtumes na Amazônia.

Na quarta-feira o Estado noticiou que o empreendimento havia sido classificado pela IFC na categoria A de risco ambiental (o mais alto), fato que deixou em alerta organizações ambientais. Elas pediam análise de todas as seis instalações que o Bertin pretende abrir em RO, MT e PA.

O estudo de impacto da cadeia de suprimentos da corporação levado para votação do conselho em Washington avaliou em detalhes apenas os efeitos que a expansão de um frigorífico em Marabá (PA) pode ter no desmatamento da região. A IFC finalizou seu relatório com a informação de que outras três instalações funcionariam apenas como curtume, que em teoria não causam impacto ambiental. Por ser um subproduto, não há necessidade de criação de mais gado para alimentar apenas esse tipo de estabelecimento.

Mas ONGs ambientais ponderam que as outras duas instalações não citadas no documento apresentado ao conselho podem ter esse impacto. Uma delas é um frigorífico comprado pelo Bertin em Água Boa (MT), nas cabeceiras do Xingu, há cerca de dois meses. A outra é uma instalação não especificada nas margens do Rio Sacre (também em MT), onde os ambientalistas imaginam que será aberto outro frigorífico. Para Roberto Smeraldi, do grupo Amigos da Terra, 'gera perplexidade' que o conselho tenha tomado a decisão sem considerar isso tudo.

O coordenador de projetos de agronegócio da IFC no Brasil, Marcelo Lessa, explica que o importante é que agora, com a assinatura do contrato, o Bertin se compromete a seguir certos critérios em todas as suas instalações, tanto as já existente quanto as que ainda virão a ser adquiridas. Entre as exigências, o grupo tem de trabalhar com fornecedores que não façam uso, por exemplo, de trabalho escravo e que estejam com a licença ambiental regularizada. 'Apresentamos o impacto em Marabá, mas agora o Bertin vai ter de realizar um estudo também em Água Boa. Na verdade toda nova planta terá de se encaixar nos mesmos critérios', diz.

Segundo ele, a IFC reconhece que a região é problemática e que é necessário um grau maior de fiscalização - 'colocar o empreendimento no nível A significa isso', afirma. Mas afirma que o objetivo do investimento é desenvolver um sistema que assegure que o gado comprado venha de produtores que usam práticas sustentáveis e que não contribuam para o aumento do desmatamento da Amazônia.

OESP, 09/03/2007, Vida, p. A20

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