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BID e irmão de Bush vão lançar pacote pró-etanol

FSP, Agrofolha, p. B12
27 de Mar de 2007

BID e irmão de Bush vão lançar pacote pró-etanol
Banco e comissão de ex-governador criarão bases para um mercado regional
Autor de estudo sobre o tema acha que região, foco mais estável em energia, vai virar o "golfo Pérsico dos biocombustíveis"

Sérgio Dávila
Da Washington

O Banco Interamericano de Desenvolvimento e a Comissão Interamericana do Etanol lançam na segunda-feira, em Washington (EUA), a pedra fundamental para a formação de um mercado latino-americano de biocombustíveis.
A base para que esse mercado regional floresça será o investimento privado; entidades como o banco regional e a comissão multinacional entrariam apenas com amparo nas pesquisas e parcerias em projetos de melhoria de infra-estrutura.
O anúncio será feito pelo colombiano Luis Alberto Moreno, do BID, o ex-governador da Flórida Jeb Bush (irmão mais novo do presidente norte-americano) e o ex-ministro da Agricultura brasileiro Roberto Rodrigues na palestra "Em direção a um mercado hemisférico de biocombustíveis - O caminho à frente para o investimento privado", no banco regional.
Os três criaram a comissão em dezembro último. Na ocasião, o trio divulga ainda amplo estudo encomendado pelo BID à Garten Rothkopf, empresa de consultoria baseada na capital norte-americana e comandada por David Rothkopf, ex-assessor econômico de Bill Clinton.
Intitulado "A Blueprint for Green Energy in the Americas" (Um Plano para a Energia "Verde" nas Américas), o relatório ainda está sendo mantido em sigilo, mas foi considerado por quem o leu como o mais amplo até agora já realizado sobre o assunto. Nele, a empresa faz um levantamento atual da situação da indústria latino-americana do biocombustível, indica como esse mercado deve estar em 2020 e faz recomendações estratégicas para que o setor cresça e se mantenha competitivo até lá.
Alguns dados já se tornaram públicos. O estudo estima, por exemplo, o total de investimento que será necessário para que o mercado avance globalmente, e quais países são candidatos prováveis para o novo dinheiro. No primeiro campo, a cifra foi revelada pelo próprio autor.
Segundo David Rothkopf, será preciso investir US$ 200 bilhões até 2020 para que os biocombustíveis consigam responder por 5% do mercado global de combustíveis -hoje, essa fatia não chega a 1%.
Para efeito de comparação, o plano anunciado no começo do ano pelo norte-americano George W. Bush, batizado "20 em 10", prevê que 20% de toda a gasolina consumida nos Estados Unidos tenha sido substituída por biocombustíveis até 2010 (leia texto nesta página).
De acordo com o levantamento, desde que feitos os ajustes necessários, a região mais propícia a receber esse investimento será a América Latina. De novo, o próprio Rothkopf deu dicas recentes sobre essa conclusão. "Nesse sentido, a América Latina será o golfo Pérsico dos biocombustíveis, com a diferença, é claro, de que a região é um foco muito mais estável de energia", comparou o analista durante reunião anual do BID, há alguns dias, na cidade da Guatemala.
De 50 países pesquisados, a consultoria diz que a maioria (39) já possui leis específicas que beneficiam algum tipo de biocombustível e mais da metade (27) conta com legislação prevendo a mistura do produto à gasolina, como no Brasil.

Fundo para etanol
Moreno deve anunciar que revisará a estratégia do BID para energias renováveis e o planejamento do trabalho do banco em países com grande potencial bioenergético, especialmente pequenos países latino-americanos.
Na reunião da Guatemala, Moreno havia adiantado que estudava a criação de um fundo especial para financiamento de projetos de biocombustíveis. "Vemos que nosso papel é apoiar projetos de infra-estrutura, pesquisa e desenvolvimento", afirmou então.
O alvo são principalmente os países da América Central e do Caribe. Há um interesse estratégico do BID e de outras instituições multilaterais de barrar o avanço de Hugo Chávez numa região que tem despertado o interesse do venezuelano.
Já Jeb Bush deve defender mais uma vez a derrubada da tarifa de importação que os EUA cobram do etanol brasileiro, de R$ 0,30 por litro, em vigor até 2009.

Itália investe US$ 480 mi em biocombustível

Janaina Leite
Da reportagem local

Os italianos pretendem investir US$ 480 milhões (algo próximo a R$ 990 milhões) em fábricas de biodiesel brasileiras. O valor deverá ser repassado ao longo de quatro anos, informou o primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi.
Em visita ao país, ele esteve ontem na capital paulista, durante encontro promovido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
O combustível será adquirido pelas empresas: Agip, First American Petroleum, Petrogras e Europe Oil.
Prodi informou ainda que deve ser anunciado um acordo entre empresários brasileiros, a Petrobras e sua equivalente italiana, a ENI (Ente Nazionale Idrocarburi).
A idéia é criar uma joint venture ítalo-brasileira na África para abastecer o mercado europeu. Na lista de países para abrigar o projeto, estão Moçambique e Angola.
O premiê italiano lembrou que a atual política da União Européia prevê uso de 20% de energia renovável. "Essa nova realidade altera a estrutura industrial da Itália, porque estamos muito distantes deste percentual", disse Prodi.
"O Brasil está dando à Itália nesse momento mais importância do que já deu em qualquer outro momento", afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu programa semanal de rádio.
O comércio bilateral entre Brasil e Itália cresceu nos últimos anos - passou de US$ 3,6 bilhões em 2002 para US$ 6,4 bilhões no ano passado. Isso representa uma alta de 77,8%.
Para o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, os números são bons, mas poderiam ser ainda melhores. Ele lembrou que a Itália tem um fluxo comercial com o mundo de cerca de US$ 800 bilhões, mas a fatia brasileira não ultrapassa 0,5%. "Duas são as palavras-chave: equilíbrio e ambição", resumiu.
Nos cálculos da entidade, há espaço para a corrente de comércio entre os países chegar a US$ 10 bilhões até 2010.
Skaf, assim como Prodi, lembrou que Brasil e Itália firmaram o desenvolvimento de uma linha de crédito para pequenas empresas brasileiras que importam tecnologia e maquinário italiano. Serão empregados 100 milhões. A linha começa a vigorar até 30 de maio.

BNDES financia R$ 604 mi para área de biodiesel

Da sucursal do Rio

Segundo o diretor da área social do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Élvio Gaspar, a carteira do banco somente em biodiesel já soma 1,079 bilhão de litros, o equivalente a financiamentos do banco da ordem de R$ 604 milhões e investimentos totais de R$ 725 milhões.
A carteira para o setor de biocombustíveis soma R$ 7,2 bilhões em financiamentos. Apenas no primeiro bimestre, o BNDES desembolsou R$ 461,4 milhões para o setor sucroalcooleiro, aumento de 276,96% em relação a igual período do ano anterior.
Gaspar fez a apresentação no seminário "A expansão da agroenergia e seu impacto sobre os ecossistemas brasileiros".
Estudo da Unicamp, apresentado durante o seminário, estima que para suprir 5% da demanda mundial de gasolina (102 bilhões de litros de álcool) em 2025, o país precisará construir cerca de 600 novas usinas de álcool.

FSP, 27/03/2007, Agrofolha, p. B12

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