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Bibliotecas, cinema e teatro longe do povo

A Crítica
11 de Mai de 2008

Bibliotecas, cinema e teatro longe do povo

Aristide Furtado
especial para A Crítica

Duas décadas depois da promulgação da Constituição Federal, 1,5 milhão de pessoas dos municípios do Amazonas ainda são excluídos de exercer um dos direitos humanos fundamentais consagrados pelo texto constitucional: o acesso a bens culturais expostos em bibliotecas públicas, teatros e cinemas.

Levantamento realizado por A CRÍTICA expõe o vazio cultural deixado pela ausência de bibliotecas públicas, teatros e salas de cinema nos municípios do interior do Estado. A consulta ouviu representantes das prefeituras, funcionários públicos e populares que vivem nessas localidades.

A democratização do acesso a um dos principais bens culturais da humanidade, o livro, é meta que deveria compor a agenda dos pré-candidatos a prefeito que se preparam para disputar a eleição de outubro. O mapeamento revelou que 36 dos 61 municípios pesquisados não possuem bibliotecas públicas, o que representa 59% de exclusão. Nessas cidades vivem 832.649 moradores, mais da metade da população do interior do Estado.

Nos outros 25 municípios, as bibliotecas públicas mantêm acervos quase sempre desatualizados. Essa é a situação em Novo Aripuanã (a 225 quilômetros de Manaus). "Temos uma biblioteca pequenininha, com livros defasados, que funciona no prédio da prefeitura", diz o secretário municipal de Administração, Fred Santana.

Quando se trata da falta de salas adequadas para apresentação de peças teatrais, a exclusão cultural atinge 1,3 milhão de pessoas de 58 municípios do interior. Apenas três cidades têm teatros: São Grabriel da Cachoeira, Parintins, Barcelos. Nenhum pertence ao poder público. Todos estão fora de funcionamento.

Em São Gabriel (a 858 quilômetros da capital), o Teatro Infantil, com palco italiano, foi construído pela Diocese da Igreja Católica. O prédio é antigo e precisa de reforma. Segundo o secretário municipal de Fazenda, Salomão de Aquino, a Prefeitura tenta levantar recursos no Governo do Estado e no Ministério da Cultura para fazer a restauração.

Antigo também é o teatro Dom José Domitrovit erguido pela Missão Salesiana em Barcelos (a 396 quilômetros de Manaus) há mais de 80 anos, segundo o representante da Prefeitura, Tadeu da Silva. "Antigamente, os padres encenavam peças teatrais todo final de semana", lembra o funcionário Público.

Não existem salas de cinema em nenhum dos 61 municípios do interior do Estado. Em São Gabriel, o Instituto Sócio-Ambiental (ISA), quebra esse isolamento exibindo filmes toda semana.

A Crítica, 11/05/2008

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