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Bertin deve sair de Belo Monte ou Rodoanel

FSP, Mercado, p. B7
16 de Fev de 2011

Bertin deve sair de Belo Monte ou Rodoanel
Com falta de dinheiro, empresa negocia repassar participação na hidrelétrica à Vale

Leila Coimbra
José Ernesto Credendio
De Brasília

Em dificuldades financeiras, o grupo Bertin corre o risco de sair de duas das maiores obras públicas em curso: a hidrelétrica de Belo Monte (PA) e o Rodoanel (SP), que somam pelo menos R$ 24 bilhões em investimentos.
Originalmente uma empresa frigorífica, o Bertin se tornou uma grande aliada do poder público em grandes obras de infraestrutura.
Em troca, recebeu do governo apoio para sobreviver à sua primeira crise, em 2008, foi capitalizada pelo BNDES e formou com a JBS o maior frigorífico do mundo, com faturamento anual de mais de R$ 40 bilhões.
Além de Belo Monte e do Rodoanel, o Bertin tinha planos de participar do trem-bala que ligará as cidades do Rio, São Paulo e Campinas, um projeto de R$ 34 bilhões.
Mas, sem recursos, teve que sair no fim do ano passado do consórcio que era costurado com os japoneses.
No caso de Belo Monte, a situação se complicou há duas semanas, quando não entregou ao BNDES as garantias suficientes da Gaia Energia, sua subsidiária, para o acesso a financiamento.
A Gaia possui 9% da hidrelétrica e teria que aportar pelo menos R$ 1,93 bilhão na sua construção. Sem caixa e sem o acesso ao empréstimo, o Bertin começou a negociar a saída do consórcio Norte Energia, liderado pela Eletrobras e suas subsidiárias.
A Folha apurou que o grupo negocia repassar sua fatia à Vale. Assim como o frigorífico, a mineradora se encaixa como "autoprodutor" por produzir energia para seu consumo.
A Vale reluta em assumir os atuais preços da energia e negocia valores menores. A Vale disse que não comentará o assunto, e o Bertin deve se pronunciar apenas hoje.
No caso do Rodoanel, o consórcio SPMar, controlado pelo Bertin, já perdeu o primeiro prazo, que venceu no início do mês, para depositar R$ 370 milhões referentes à outorga fixa do leilão dos trechos sul e leste.
Pelo edital, o grupo poderá efetuar o depósito até 9 de março. O seguro para as obras foi estimado em R$ 540 milhões só no primeiro ano.
O SPMar ainda tem de buscar fôlego para investir R$ 5 bilhões na construção do trecho leste e levantar as garantias e o seguro.
O negócio apenas vai gerar caixa seis meses após a assinatura do contrato, com a cobrança do pedágio no trecho sul.
O resultado do leilão, realizado em novembro, surpreendeu o mercado de concessões de rodovias, devido ao deságio de 63% sobre a tarifa máxima de pedágio nos dois trechos do Rodoanel.
O SPMar apresentou proposta de tarifas de R$ 2,1991 (trecho sul) e R$ 1,6493 (leste), abaixo dos valores do segundo colocado, de R$ 5,28 e R$ 3,96.

FSP, 16/02/2011, Mercado, p. B7

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me1602201121.htm

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