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Barreira no Contão será definitiva

Brasil Norte-Boa Vista-RR
22 de Abr de 2004

Os índios ligados às organizações indígenas Alidcir (Aliança da Integração e Desenvolvimento das Comunidades Indígenas de Roraima), Sodiur (Sociedade de Defesa dos Índios do Norte de Roraima) e Arikon (Associação Regional Indígena dos rios Kinô, Cotingo e Norte de Roraima) disseram que a barreira, que tem como finalidade fiscalizar a entrada de estrangeiros e padres na região da Raposa/Serra do Sol, será permanente e vigiada por 20 fiscais indígenas, além dos moradores da localidade.
Ameaçaram enfrentar as autoridades que forem até lá dizer que eles estão errados por descumprir o acordo judicial feito para suspender a fiscalização. "Jamais vamos aceitar acabar com a barreira. Vamos colocar [eles] para ir embora. Vamos estar sempre de pé firme no chão", disse o tuxaua Genival Costa, da comunidade do Contão.
"Se a terra é nossa, então quem manda somos nós", complementou. Avisaram também que vão extinguir o posto da Funai, localizado a 4 quilômetros da barreira. "Também vamos acabar com a Funai na área. O funcionário que hoje está no posto pode a qualquer hora ser mandado embora".
"Não passarão por aqui estrangeiros e padres, mesmo que sejam brasileiros. Eles causam problemas entre índios e fazendeiros e agora entre os próprios parentes", reforçou o tuxaua da comunidade Monte Muriá 2, Danilo Roberto Afonso, que é coordenador da barreira, ao avisar que a passagem está liberada para agentes de saúde, educação e outros serviços essenciais à comunidade.
A barreira, onde é feita a fiscalização dos transeuntes, está localizada na estrada que dá acesso às regiões que formam a área da Raposa/Serra do Sol como Água Fria, Uiramutã, Mutum, Socó, Maturuca e Flechal. Ela está a 65 quilômetros da BR-174, em direção ao município de Pacaraima, e a 5 quilômetros da Vila do Contão.
O local escolhido, que tem o nome de Capîta (tesoura, na língua Macuxi), conforme explicaram, é um ponto estratégico porque fica a 100 metros do rio Cotingo e dá acesso para várias localidades, inclusive que está viajando pela estrada do Passarão. "Essa fiscalização será para sempre", reforçou o coordenador.
A indignação dos índios é por conta do não-comparecimento dos representantes do Ministério Público Federal (MPF), Conselho Indígena de Roraima (CIR), Funai (Fundação Nacional do Índio), Polícia Federal (PF), os quais deveriam ter participado da reunião que ocorreu no final de semana, conforme ficou acertado no dia 25 de março, data que acordaram suspender a fiscalização, porque era inconstitucional e feria o direito de ir e vir.
A reunião seria para definir como deveria ser essa fiscalização. Contrários à homologação em área contínua, esses índios montaram essa barreira no dia 3 de fevereiro, após diversos conflitos por conta do impasse da homologação da terra indígena Raposa/Serra do Sol.
"No final de semana, 800 índios aguardaram aqui na barreira a presença dessas autoridades. Até o CIR [Conselho Indígena de Roraima] deixou de comparecer e a própria Funai não tem interesse em ajudar os índios das outras associações. Acabamos de creditar que a Funai só é ligada ao CIR e à Igreja Católica", disse o tuxaua Genival Costa, ao criticar o órgão indigenista que, segundo ele, nunca apresentou um projeto para desenvolver as comunidades indígenas.
O tuxaua Lourival Abelardo Lima, da comunidade Meró, ressaltou que a barreira também ajuda a reprimir o tráfico de drogas e o porte ilegal de armas. "Estamos também ajudando as autoridades de Roraima a combater esse crime porque as drogas que passaram aqui na época do Carnaval poderiam ser usadas por nossos jovens de todo o [Estado] Roraima", acrescentou.

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