VOLTAR

Barragens e chuvas são a solução, diz Sabesp

GM, Saneamento & Meio Ambiente, p. A8
14 de Jan de 2004

Barragens e chuvas são a solução, diz Sabesp

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) deverá propor à Bacia do Rio Piracicaba a criação de barragens na região de Campinas para regularização da vazão. Isso garantiria, segundo a companhia, o abastecimento da Região Metropolitana de Campinas (RMC) e reduziria a dependência local do Sistema Cantareira. A opinião é do superintendente de produção da Sabesp, Paulo Massaro.

Segundo ele, a estratégia de abastecimento dos municípios da bacia do Rio Piracicaba é de alto risco. Todos os serviços de abastecimento ao longo da bacia captam água direto do manancial. "Existem dois projetos para construção de barragens da bacia. Isso poderia regularizar a vazão de um volume muito maior do que é feito hoje pelo Sistema Cantareira", diz o superintendente.

O investimento necessário para a criação destas barragens terá de vir da própria região, mas, segundo Massaro, esse pode ser um "ponto de negociação" entre a bacia hidrográfica e a Sabesp. Segundo ele, o sistema Cantareira é a menor parte das águas que cortam a região de Campinas, apenas 17%. Mais de 80% da água que chega a Piracicaba são contribuições dos afluentes. Na opinião de Cláudio de Mauro, presidente do Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ), a proposta até "pode ser discutida", mas "não vê possibilidade de a idéia prosperar".

A Sabesp afirma que tem feito esforços para reduzir perdas no sistema de abastecimento e aumentar a eficiência operacional. De acordo com Massaro, as perdas físicas são de 15,1%, um índice baixo para os níveis brasileiros, que chegam a 40%. Sobre o crescimento da oferta para atender a demanda, o superintendente diz que a empresa tem apenas acompanhado o crescimento vegetativo, na média 1,6% ao ano, o que significa uma expansão de 270 mil novos habitantes por ano.

Dada a atual situação do sistema Cantareira, Massaro confirma que a situação da RMSP é de risco. O volume de chuvas está aquém da média histórica de 30 anos, ponto do qual partiu a estratégia de gestão do sistema. A expectativa é que o Cantareira receba, na média, 70 m³/s durante o verão. Tem chegado, segundo Massaro, a 36 m³/s, praticamente o mesmo volume que sai para o abastecimento de metade de São Paulo e para a bacia do Piracicaba. "Tínhamos que ter uma elevação do nível do reservatório de 1% ao dia e estamos a 0,1%. Há uma decepção em relação às chuvas", diz.

Estão descartadas medidas como o racionamento em pleno verão, mas a companhia admite que a situação é muito preocupante. Massaro considera ainda correta a decisão do Estado em ter mantido o abastecimento das regiões servidas pelo sistema Cantareira durante o inverno passado. Segundo ele, havia água no reservatório naquele momento e principalmente a esperança de que o regime de chuva pudesse permitir a recuperação do reservatório, o que não se confirmou até agora. "Daqui a 90 dias, poderemos dizer se erramos", disse.

A Sabesp argumenta que um racionamento acarretaria um "alto custo social" e daria uma economia que poderia ser obtida facilmente com as chuvas. "Se houvesse racionamento, o nível estaria em 7% ao invés de 4%", diz Massaro. Por isso, a decisão foi a de manter o abastecimento com pequena redução do volume de captação do Cantareira de 33 m³/s para 30 m³/s. A diferença foi gerada por outros sistemas, como o Guarapiranga e Alto Tietê.

Toda a estratégia foi sustentada na avaliação sobre ciclo hidrológico monitorado nos últimos 30 anos. Já existem dúvidas se o período será suficiente para dar sustentação aos modelos de gestão que dele derivam. São Paulo está prestes a conferir. (A.B.)

GM, 14/01/2004, Saneamento & Meio Ambiente, p. A8

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.