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Barão belga é ligado à área energética no Brasil

OESP, Política, p. A8
30 de Mar de 2014

Barão belga é ligado à área energética no Brasil
O bilionário Albert Frère, dono da Astra Oil, ex-sócia da Petrobrás em Pasadena, participa de empresas de energia em 12 Estados brasileiros que, só em 2013, renderam R$ 1,7 bi

Felipe Corazza, O Estado de São Paulo

A venda da refinaria de Pasadena à Petrobrás foi comemorada pela Astra Oil, do barão belga Albert Frère, como "um triunfo financeiro acima de qualquer expectativa razoável". O grande negócio, no entanto, não foi a única aposta lucrativa do magnata de 87 anos em relação ao Brasil. Operações de empresas da área de energia ligadas ao homem que "na Bélgica, manda mais que o rei", segundo um dito popular do país, espalham-se por 12 Estados brasileiros e renderam, só em 2013, lucros próximos de R$ 1,73 bilhão.
O coração da rede ligada ao bilionário no Brasil é sua participação na gigante GDF-Suez. Frère detém 5,3% da empresa de energia, em sociedade com o governo da França - o Estado francês tem 35,9%. A participação do belga garante, desde 2008, um assento entre os 18 da mesa diretora da empresa.
A joia da coroa para as operações da GDF-Suez no Brasil é a construção da usina de Jirau, em Rondônia. O empreendimento é conduzido em consórcio com Mitsui & Co. e Grupo Eletrobrás e conta com financiamentos da ordem de R$ 9,5 bilhões do BNDES.
A GDF-Suez, por sua vez, detém 68,7% da Tractebel Energia, maior geradora privada de eletricidade do Brasil. A empresa opera em dez Estados e controla nove hidrelétricas, quatro termelétricas, dez usinas complementares e está construindo outras duas eólicas. O patrimônio líquido da empresa no Brasil estava avaliado, em 2013, em cerca de R$ 5,3 bilhões. Em 2012, a empresa conseguiu um empréstimo de R$ 358 milhões do BNDES para investimentos.
Outro ramo de atuação ligado a Frère é a exploração do pré-sal. A petrolífera Total, na qual o barão tem 4% de participação acionária por meio do grupo Bruxelles Lambert (GBL), conquistou no ano passado o direito de explorar o campo de Libra, em consórcio com Petrobrás, Shell e as chinesas CNPC e CNOOC. A fatia da Total é de 20% do bloco. A companhia já explora, também, o poço de Xerelete, na Bacia de Campos.
Reunião. A Iberdrola, empresa espanhola de energia na qual Albert Frère detém participação acionária de 0,6%, também atua no Brasil. Essa fatia na composição societária corresponde a um valor próximo de 160 milhões (ou R$ 497 milhões). A companhia entrou no País em 1997 e, desde então, aumentou gradualmente sua presença até adquirir, em 2011, o controle da Elektro, que distribui energia para 223 municípios de São Paulo e mais cinco de Mato Grosso do Sul.
O presidente da companhia espanhola, Ignacio Galán, teve pelo menos uma reunião com a então ministra de Minas e Energia Dilma Rousseff para debater o modelo energético brasileiro. O encontro ocorreu em 19 de fevereiro de 2003. Na ocasião, a Iberdrola controlava três distribuidoras de energia nacionais - a Celpe, de Pernambuco; a Coelba, da Bahia; e a Cosern, do Rio Grande do Norte.
A companhia também é sócia dos fundos de pensão do Banco do Brasil (Previ) e do próprio BB na Neoenergia. Em 2012, o fundo e o banco detinham o controle da companhia, mas a empresa espanhola pretendia negociar sua participação e tornar-se majoritária. As conversas se arrastaram por quase dois anos, sem sucesso. A razão dada nos bastidores era que a já presidente Dilma estaria "descontente" com a ideia de uma empresa estrangeira no comando da Neoenergia.
Galán, então, retornou ao Brasil para reuniões com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e com a cúpula do fundo de pensão do BB. Em novembro de 2012, chegou-se a um acordo. A Iberdrola ficaria com a gestão da Neoenergia, com a ressalva de que as decisões estratégicas seriam sempre tomadas pelos controladores acionários.
No mês passado, a Iberdrola anunciou um reforço nos seus investimentos no Brasil. Conforme noticiou a Agência Estado, a empresa pretende investir a maior parte de 9,6 bilhões (mais de R$ 29 bilhões) líquidos nos próximos três anos no Brasil, Reino Unido, México e Estados Unidos, enquanto a Espanha ficará com 15% do total.
Na quinta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou aos executivos da empresa em Bilbao, na Espanha, e ressaltou a participação da Iberdrola no Luz para Todos. Lula voltou ao Brasil com um regalo do espanhol Galán: uma camisa da seleção dos campeões mundiais autografada pelos jogadores.

Banco de bilionário esteve envolvido em caso de fraude

Felipe Corazza - O Estado de São Paulo

Avesso à imprensa, apesar da dimensão de seus negócios pelo mundo e de sua influência muito além da Bélgica, o barão Albert Frère é um recluso. Falando raramente a jornalistas, o bilionário prefere passar boa parte do tempo em seu apartamento na Avenida Foch, em Paris. A proximidade com a França, além de bons negócios, rendeu amizades como a do ex-presidente Nicolas Sarkozy.
A esfera de influências de Frère o levou a ser parte envolvida no escândalo do programa Petróleo por Comida, estabelecido em 1995 pela ONU para aliviar a fome no Iraque. Sob sanções internacionais, o governo de Saddam Hussein poderia vender o recurso, desde que o dinheiro obtido fosse exclusivamente usado para compra de alimentos e outros insumos essenciais para os civis.
O banco BNP-Paribas, do qual Frère era acionista na época, seria o intermediário do plano. Uma investigação independente do Congresso americano concluiu que o banco utilizou o sistema da ONU para manipular operações com cartas de crédito, fraude que teria rendido cerca de US$ 10 milhões (R$ 22,6 milhões).

OESP, 30/03/2014, Política, p. A8

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