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Banco Mundial financia comunidades agroextrativistas de Marajó

Estado de S. Paulo-São Paulo-SP
Autor: Maura Campanili
11 de Fev de 2003

Projeto tem o objetivo de proteger a biodiversidade e integrar os pequenos produtores amazônicos aos sistemas de comércio e exportação

Produtores agroextrativistas vão desenvolver atitividades sustentáveis em Curralinho

São Paulo - Setenta famílias de pequenos produtores agroextrativistas da Ilha de Marajó contarão com apoio técnico para aumentar sua capacidade produtiva, através de atividades ambientalmente sustentáveis. O projeto, desenvolvido pelo Programa Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia (Poema), da Universidade Federal do Pará, contará com US$ 240 mil, doados pela Corporação Financeira Internacional, do Banco Mundial, e será lançado amanhã, no município de Curralinho, um dos mais pobres do Estado do Pará.

Voltado para atividades de organização social, implantação de sistemas agroflorestais, manejo florestal e comercialização conjunta, o projeto Desenvolvimento Local, Biodiversidade e Mudanças Climáticas visa garantir a sobrevivência desses produtores, transformando-os em pequenos empresários, e, ao mesmo tempo, diminuir a pressão sobre a biodiversidade local, ameaçada por atividades predatórias como extração de madeira e de palmito. "O programa conta com o apoio dos sindicatos e cooperativas, já que a atividade extrativista, da maneira que vem sendo praticada, não tem melhorado a qualidade de vida na região", disse Sandro Abreu de Oliveira, secretária de Agricultura e Meio Ambiente do município.

Segundo Oliveira, o Poema já desenvolve projetos com as comunidades locais há cinco anos, com trabalhos voltados para a produção de castanhas do Pará e de caju, além de doces, compotas e geleias. "Há um ano surgiu a possibilidade de um programa mais amplo, voltado para a preservação da floresta e seqüestro de carbono", explica. Com isso, as atividades deverão ser diversificadas, conforme o potencial e interesse de cada produtor, dentro de uma visão empresarial e respeitando suas tradições culturais.

Estão previstos projetos voltados para apicultura, piscicultura, além de manejo, extração e industrialização de palmito, castanhas, óleos vegetais e farinha de buriti. "A prefeitura participa do projeto, comprando a produção para merenda escolar e os agricultores se comprometem a não desmatar", diz o secretário. O projeto tem ainda um caráter multiplicador. Começa com 70 famílias de quatro comunidades - Bom Jesus do Aramaquiri, Piriá, Guajará e Estrada - e cada uma delas se compromete a replicar os conhecimentos para uma outra. "No final de um ano, esperamos ter 140 famílias envolvidas".

Criado em 1991, o Poema é uma organização não-governamental, ligada à Universidade Federal do Pará, cujo foco de atuação é dar treinamento e facilitar o intercâmbio dos produtores pobre da Bacia Amazônica com o mercado. Um dos casos bem sucedidos é um projeto com a DaimlerChysler, pelo qual comunidades da região produzem peças de carro com fibras de coco.

"Iniciativas desse tipo serão o enfoque do Poema na próxima década e refletem a preocupação de demonstrar como o desenvolvimento local pode ter impactos positivos em mudanças climáticas e como novos instrumentos, como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), da Convenção de Mudanças Climáticas, podem ser aproveitados para alcançar o desenvolvimento sustentável", disse Thomas Mitschein, coordenador geral da entidade. "Esperamos que esse piloto possa ser replicado em outras áreas florestais do Brasil, a fim de ajudar a melhorar os padrões de vida da população local", afirmou Bernard Pasquier, diretor regional do Departamento da América Latina e do Caribe da IFC.

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