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Balbina, usina construída nos anos 80, é vista como o maior pesadelo amazônico

FSP, Dinheiro, p. B12
09 de Dez de 2007

Balbina, usina construída nos anos 80, é vista como o maior pesadelo amazônico

Da Sucursal de Brasília

Atende pelo nome de Balbina o maior pesadelo hidrelétrico da Amazônia. Construída entre 1985 e 1989, já depois da ditadura militar, no município de Presidente Figueiredo (AM), com potência de apenas 250 MW, a usina alagou uma área equivalente a uma vez e meia a cidade de São Paulo.
Além disso, pesquisa recente mostrou que a hidrelétrica é altamente poluente. Em 2005, Balbina gerou uma quantidade de carbono equivalente à metade do gás carbônico emitido em 1999 na cidade de São Paulo com a queima de combustíveis fósseis, compara o pesquisador Alexandre Kemenes. Ele tratou da contribuição de Balbina para o aquecimento global na tese de doutorado defendida há dois anos no Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).
No caso de Balbina, o fato de a vegetação nativa não ter sido removida apenas agravou a emissão de gases de efeito estufa. A produção de carbono decorre de características do solo e do clima da região. Balbina tornou-se um caso emblemático por causa da relação catastrófica entre grandes danos ambientais e pequena geração de energia.
Daí porque a usina não pode ser comparada à hidrelétrica de Tucuruí. Localizada no rio Tocantins e inaugurada em 1984, inundou uma área de 500 quilômetros quadrados de floresta a mais do que Balbina, mas é considerada hoje a maior hidrelétrica nacional, com potência de 8.776 MW.
Itaipu, com 14.000 MW de potência, a maior hidrelétrica do país, é um empreendimento binacional, com o Paraguai. De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, Tucuruí ainda responde por 93% da energia hidrelétrica produzida hoje na Amazônia.
"A gente espera que os erros não se repitam", comenta Alexandre Kemenes, que aponta formas de contornar a emissão de gases de efeito estufa em Balbina, sobretudo por meio da captura de carbono na saída das turbinas.
"O metano ainda pode ser aproveitado para gerar energia", afirmou. (MS)

FSP, 09/12/2007, Dinheiro, p. B12

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