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Balbina abre comportas e rio Uatumã transborda

Amazonas Em Tempo
21 de Jun de 2008

Balbina abre comportas e rio Uatumã transborda
As maiores inundações estão atingindo os moradores a cerca de 30 a 50km da hidrelétrica. Cerca de 60% das casas da comunidade Fé em Deus estão submersas.

Orlando Farias
Equipe do Em Tempo

A hidrelétrica de Balbina, a 140 km em linha reta de Manaus, passou a operar ontem com as quatro comportas da usina abertas vertendo água de seu gigantesco lago. Isso aconteceu porque o lago da barragem atingiu 51,09 metros de profundidade, obrigando os técnicos a abrir as comportas para evitar o transbordamento da barragem.
A imagem de cima, obtida ontem num sobrevôo do jornal EM TEMPO sobre a hidrelétrica, revela uma situação preocupante: águas por todos os lados a ponto de invadir a usina. Ao mesmo tempo, as comportas sinalizam a situação crítica com a água vertendo em grande volume e produzindo grandes bolhas brancas logo abaixo da barragem.
A Eletronorte garantiu ontem, porém, que não há o menor risco de rompimento da barragem. O superintendente da Manaus Energia, coronel Doly Boucinhas, informou que a situação está sob controle. "Ontem o rio já baixou 3 cm e essa será a tendência de agora em diante".
"Essa barragem foi construída com a capacidade superestimada em resistir volumes de água", diz o engenheiro da empresa estatal, Willamy Frota. Mesmo que a água no reservatório de Balbina atingisse 28 metros de altura, não haveria riscos porque a barragem suportaria, garante Willamy Frota.
As preocupações da gerência da hidrelétrica são crescentes. Há cerca de uma semana, vários técnicos da Manaus Energia, subsidiária da Eletronorte, desceram o rio Uatumã informando sobre os riscos de inundação imediata. Com as quatro comportas abertas, foi o rio Uatumã que transbordou à margem direita, de terras mais baixas, abaixo da antiga cachoeira de Balbina, onde foi construída a usina.
O caseiro Vicente Félix de Oliveira, 62, que cuida de um sítio a 1 km da hidrelétrica, foi avisado pelo técnico da Eletronorte, Bruno Souza. "Eu passei três dias retirando as coisas das casas que ficavam à beira do rio e trabalhei tanto que fiquei doente", diz Vicente, informando que levou tudo para uma casa próxima da terra firme.
Cerca de 60% das casas da comunidade Fé em Deus estão submersas, somente com as antenas parabólicas no telhado aparecendo. O pescador Emanuel de Souza Nascimento, 22, também recebeu o aviso dos técnicos da hidrelétrica há cerca de oito dias e se mudou imediatamente para uma casa na terra firme. "A correnteza do rio Uatumã ficou muito forte e poderia arrastar um dos meus meninos", conta ele.
As maiores inundações estão atingindo os moradores cerca de 30 a 50 km da hidrelétrica, na região conhecida como Morena. Por ter terras mais baixas, ali as casas inundaram de uma hora para outra. Em uma semana, segundo os moradores, o nível da água subiu impressionantes 1,5 metro de altura.
É a quinta vez que o lago de Balbina apresenta elevação de seu volume de águas e a terceira em que as comportas precisam ser abertas. A última vez que isso aconteceu foi em 2000. Com a abertura de comportas há uma semana, o nível do lago que tinha chegado na quinta-feira a 51.09, caiu para 51,05 na manhã de ontem, conforme informou um técnico em nome do gerente Milton Menezes.
A situação dramática dos moradores a jusante da barragem levou ontem uma comissão do Ministério Público Estadual até a usina e às margens do Uatumã para um contato direto com as famílias desabrigadas pela inundação.

Amazonas Em Tempo, 21/06/2008

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