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Baixo risco

O Globo, Opinião, p. 6
19 de Abr de 2006

Baixo risco

O Estado do Rio de Janeiro ainda vive as conseqüências negativas de um longo processo de esvaziamento econômico e político, mas tem agora com o petróleo uma oportunidade concreta para retomar sua vocação industrial, gerando renda para se recuperar socialmente.
Não só os investimentos na exploração e produção de petróleo e gás natural servem de alavanca para essa recuperação, mas também a transformação do óleo cru em combustíveis, matérias-primas e insumos para diversos ramos industriais.
Por isso, o Rio de Janeiro tem razões para comemorar a entrada em funcionamento do pólo gás-químico de Duque de Caxias e o anúncio de um novo complexo petroquímico em Itaboraí e São Gonçalo, na região metropolitana carioca.
O impacto de um investimento dessa magnitude pode ser medido pelo que aconteceu na Bahia, por exemplo. Nos anos 70, a Bahia era um estado que igualmente atravessara processo de esvaziamento econômico, embora fosse o maior produtor brasileiro de petróleo. Com o pólo petroquímico de Camaçari - muito criticado na época, por não se tratar de uma indústria capaz de absorver o tipo de mão-de-obra disponível na região - a Bahia reencontrou o caminho do desenvolvimento e hoje atrai importantes projetos. O pólo já não deve ser mais chamado apenas de petroquímico, pois abrange outras indústrias que se beneficiam de seus produtos (automóveis, pneus etc.). Camaçari responde por um terço do produto interno bruto da Bahia, gerando 29 mil empregos diretos.
O novo complexo petroquímico do Rio já nascerá moderno, com impactos ambientais controlados e mitigados. O fato de estar próximo a áreas de proteção e conservação ambientais aumentará ainda mais a responsabilidade dos investidores no sentido de que ali funcionem instalações industriais exemplares, que não signifiquem risco para o meio ambiente.
Talvez com esses investimentos industriais finalmente ganhe corpo o desmoralizado programa de despoluição da Baía de Guanabara, cujos resultados estão a desejar. Nada pior do que a sobrecarga de esgoto e lixo que é jogada diariamente na baía.

O Globo, 19/04/2006, Opinião, p. 6

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