OESP, Metrópole, p. A34
04 de Mai de 2013
Avião joga inseticida em escola: 37 intoxicados
Vinte e nove crianças de uma instituição rural de Rio Verde, em Goiás, foram contaminadas; piloto e dois funcionários da empresa foram presos
Marília Assunção
ESPECIAL PARA O ESTADO / GOIÂNIA
Um avião agrícola que pulverizava lavouras no município de Rio Verde, a 235 quilômetros de Goiânia (GO), despejou inseticida sobre a Escola Municipal São José do Pontal e intoxicou 29 crianças e 8 adultos na manhã de ontem.
À noite, a Polícia Civil prendeu o piloto e dois funcionários da empresa responsável.
Cerca de 120 crianças estudavam no local no momento do sobrevoo. A escola rural fica dentro do Assentamento Pontal do Buriti, perto dos municípios de Paraúna e Montividiu, no sudoeste do Estado.
O Corpo de Bombeiros de Goiás e outras autoridades investigam agora como exatamente aconteceu a contaminação. O comandante dos bombeiros de Rio Verde, coronel Cléber Cândido, acredita que o avião deva ter despejado o inseticida na hora do recreio, pois muitas crianças foram intoxicadas.
As vítimas tiveram sintomas clássicos de intoxicação: náuseas, vômitos, tontura e ardência nos olhos e na pele. Algumas pessoas desmaiaram.
Os bombeiros foram acionados e levaram parte das vítimas para o Hospital Municipal de Montividiu. Outras foram levadas para uma unidade de saúde na própria cidade de Rio Verde. A maioria das pessoas foi liberada após receber soro.
Segundo Cândido, a substância usada era o inseticida Engeo Pleno, indicado para combater percevejos, lagartas e pulgões. Sites que divulgam o produto informam que ele é de média toxicidade, mas altamente perigoso para o meio ambiente. A polícia instaurou inquérito para apurar crime ambiental.
Bombeiros já identificaram a empresa responsável pelo avião agrícola, a Aerotex Aviação Agrícola, instalada em Rio Verde. De acordo com Cândido, a empresa atribuiu o incidente a uma suposta rajada de vento que teria deslocado o produto. "Há outra hipótese, de alijamento da carga (quando a carga é despejada para aliviar o peso do avião) sobre a escola ou perto demais dela."
Enquanto os bombeiros elaboram o chamado Relatório de Defesa Civil, a escola ficará interditada porque o inseticida se espalhou e foi encontrada uma caixa d"água sem tampa, um indicativo de que a água pode estar contaminada.
Discussão. Responsável pelo Assentamento Pontal do Buriti, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Goiás informou que a contaminação causa da pela pulverização indiscriminada é grave no Estado e será discutida em junho. O Estado procurou os responsáveis pela empresa Aerotex Aviação Agrícola, mas eles não responderam.
OESP, 04/05/2013, Metrópole, p. A34
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