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Avanço de plantações de coca ameaçam rio Negro

Diário do Amazonas, Cidades, p. 6
25 de Mai de 2007

Avanço de plantações de coca ameaçam rio Negro
Pesquisadora colombiana denunciou avanço das plantações de coca em encontro que discute situação da bacia

O desmatamento e a poluição, gerados pelo avanço das plantações de coca na Colômbia, estão ameaçando a cabeceira de dois importantes afluentes do rio Negro: o Guainia e o Uaupés. As informações estão no site do Instituto Socioambiental (ISA).
O alerta foi dado pela bióloga colombiana Natália Hernandez, da Fundação Gaia Amazonas, durante o segundo dia do encontro Visões do Rio Babel: conversas sobre o futuro da Bacia do Rio Negro, que acontece em Manaus até hoje, no Espaço Cultural Usina Chaminé. 0 evento é coordenado pelo Instituto Socioambiental (ISA) e pela Fundação Vitória Amazônica (FVA), com apoio da Fundação Moore e da Secretaria de Estado de Cultura (SEC).
Segundo a bióloga, no rio Guaviare a pressão da frente cocalera é ainda maior e, embora não deságüe no rio Negro, está próximo o bastante para também representar motivo de preocupação à maior bacia de águas pretas do mundo.
Os rios Guaviare, Guainia e Uaupés nascem perto das montanhas, em uma região de transição entre os Andes e a Floresta Amazônica. "É uma área muito fértil, uma fronteira de colonização onde até há pouco tempo predominava a criação de gado e a agricultura", contou Hernandez.
Segundo ela, porém, na última década o cultivo de coca passou a ser a principal atividade econômica propulsora da migração dos camponeses colombianos rumo ao oriente, seguindo o curso dos rios, em direção à fronteira com o Brasil. "Com o Plano Colômbia, o combate aos cocaleros se intensificou e o governo aumentou o uso do glifosato nos plantios (o glifosato é um poderoso herbicida altamente tóxico, utilizado para matar pragas). 0 resultado é que as pessoas estão abandonando as áreas que sofreram fumigação e prosseguindo com o desmatamento", lamentou a bióloga.
O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Arnaldo Carneiro contou que esteve na semana passada em Florença, um distrito colombiano localizado justamente entre os Andes e a Amazônia. Ele está apoiando a implantação de um programa de mestrado em agrosilvicultura na Universidade da Amazônia. "0 objetivo desse programa é desenvolver alternativas econômicas sustentáveis que substituam o plantio da coca. Um dos projetos aposta no replantio da floresta mantendo a pecuária tradicional, em um sistema silvopastoril", explicou.
A extensão total da Bacia do Rio Negro é de quase 71,5 milhões de hectares, distribuídos pelo Brasil (cerca de 80%), Colômbia (10%), Venezuela (8%) e Guiana (2%). Como os rios não conhecem as divisões político-administrativas inventadas pelos homens, o desmatamento nas cabeceiras dos afluentes do Negro coloca em perigo o futuro de toda a,bacia hidrográfica e exige um trabalho coordenado entre os países que a abrigam.

Diário do Amazonas, 25/05/2007, Cidades, p. 6

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