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Ativistas trocam marcha por sapatos na COP21

O Globo, Mundo, p. 30
25 de Nov de 2015

Ativistas trocam marcha por sapatos na COP21
Com protestos proibidos, militantes colocarão calçados no trajeto

Deborah Berlinck, especial para O GLOBO

PARIS - Proibidos de se manifestar por conta do risco de um novo ataque terrorista, centenas de ativistas e organizações não governamentais que estarão em Paris para a 21ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP21) decidiram que vão ocupar o percurso proibido dos protestos - entre a Praça da República e das Nações. Mas vão fazê-lo de outra forma: no lugar de pessoas, seus sapatos estarão ao longo do trajeto.
Duas grandes manifestações estavam previstas na capital francesa, nos dias 29, véspera da abertura da conferência, e no fechamento, 12 de dezembro. Mas os atentados do último dia 13, que deixaram 130 mortos, mudaram tudo. Com Paris sob choque, a França em estado de emergência e Bruxelas, na Bélgica, em alerta total, o momento é de prudência, alega o governo francês.
No total, 147 líderes estarão em Paris para a conferência, entre eles, o americano Barack Obama e o chinês Xi Jinping. Ao todo, entre negociadores, cientistas e jornalistas, cerca de 40 mil pessoas foram credenciadas pela ONU. Os ativistas não querem deixar a ocasião passar em branco:
- Não vamos renunciar a nos mobilizar, pensamos em outros meios para ocupar o espaço público - declarou ao jornal "Le Monde" Juliette Rousseau, porta-voz da Coalizão Clima 21, rede que reúne 130 ONGs, sindicatos e associações. - É mais necessário do que nunca lutar por um mundo de paz, contra a mudança climática que representa, claramente hoje, uma ameaça de agravar a situação.
Desobedientes querem manifestação
Mais de duas mil atividades estão previstas em 150 países - dentre elas, 27 passeatas em grandes capitais no mundo. Segundo os organizadores da manifestação de Paris, agora proibida, a negociadora-chefe da COP21 na França, Laurence Tubiana, vai simbolicamente colocar o seu tênis no trajeto.
Outras ideias estão sendo lançadas. A organização France Nature Environnement (FNE), criou a campanha "March for me" (caminhe por mim). Através do site march4me.org franceses que não poderão se manifestar entrarão em contato com pessoas que participarão da marcha em outros países, para que carreguem com eles uma foto sua.
Fora as manifestações de rua, o programa das ONGs durante a COP21 foi mantido. Milhares de pessoas vão participar do encontro em Montreuil - no subúrbio de Paris, no fim de semana de 5 e 6 de dezembro. No 19o distrito, será instalada uma "Zona de Ação pelo Clima", onde militantes participarão de debates e seguirão as negociações.
Mas há os militantes rebeldes. Um "Coletivo dos desobedientes" está convocando pessoas a ignorarem a proibição e se manifestarem domingo, ao meio-dia, na Praça da República - onde se concentram boa parte das homenagens às vítimas dos atentados: "Apelamos a todos e cada um a vir, pacificamente, sem ódio ou violência, cientes dos riscos, é claro, mas presentes, porque o risco é mais elevado para nós se não nos manifestarmos", diz um comunicado. Na internet, os "desobedientes" também chamam os militantes para "dois dias de treinamento".

O Globo, 25/11/2015, Mundo, p. 30

http://oglobo.globo.com/mundo/ativistas-trocam-marcha-por-sapatos-na-co…

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