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Ativismo climático ganha densidade na política global

O Globo, Opinião do Globo, p. 2
30 de Set de 2019

Ativismo climático ganha densidade na política global
Fenômeno se reflete no crescimento dos partidos Verdes na eleição para o Parlamento da UE

São inúmeras as evidências científicas de um grave desequilíbrio ambiental. Elas podem ser corroboradas por uma miríade de imagens colhidas por todo o planeta, incluindo o Brasil, sobre os efeitos devastadores de secas prolongadas, temperaturas recordes, incêndios e chuvas torrenciais.

Alguns governantes, porém, persistem no negacionismo. É lícito supor que assim seja por conveniências políticas, por mais que elas os deixem próximos do obscurantismo, doutrina contrária ao progresso intelectual e material.

Na psicologia, o fenômeno da negação tem sido bastante estudado como mecanismo de defesa individual.

Porém, quando isso se torna determinante no rumo de governos e na execução de políticas públicas, constitui-se fator de risco. Na melhor hipótese, porque dissimula a inépcia política e administrativa na capacidade de responder a um problema real, como o das mudanças climáticas.

Governos como o de Jair Bolsonaro precisam reconhecer que equacionar a relação entre a produção, o consumo e a conservação ambiental é caminho sem volta. Líderes políticos que não entenderem esse fato arriscam-se a ficar aplastados, atropelados pela História.

Se os retratos das catástrofes cotidianas evocam o fim de um ciclo da industrialização, as cenas de protestos contra a inércia na proteção ambiental, cada vez mais frequentes em todo o planeta, confirmam a emergência de uma novidade na política global: o ativismo climático.

Não é casual que os partidos empenhados na defesa ambiental tenham avançado de maneira significativa nas últimas eleições da União Europeia. A "onda verde" de maio passado fraturou a tradicional hegemonia do Partido Popular Europeu, da Aliança dos Socialistas e dos Democratas Progressistas no Parlamento da UE.

Estavam em disputa 751 cadeiras legislativas. Os Verdes conseguiram eleger 67 deputados (15 a mais do que possuíam), desbancando os reformistas e conservadores (61). Tornaram-se a quarta força política mais votada na Europa. Ficaram em segundo lugar na Alemanha, atrás apenas dos conservadores da chanceler Angela Merkel, da União Democrata Cristã.

Cerca de um terço dos votos "verdes" alemães veio de eleitores com menos de 30 anos de idade. O Norte da Europa foi a região que mais impulsionou os ambientalistas nas urnas. Lá, jovens mudaram sua rotina e organizam manifestações semanais nas ruas contra mudanças climáticas, como a da última sexta-feira, em Portugal. Neste contexto, surgiu a liderança carismática de Greta Thunberg, sueca, 16 anos. Semana passada, em Nova York, esteve à frente dos protestos contra a devastação da Amazônia.

A ascensão do ativismo climático ao primeiro plano da política global não deve ser subestimada.

O Globo, 30/09/2019, Opinião do Globo, p. 2

https://oglobo.globo.com/opiniao/ativismo-climatico-ganha-densidade-na-…

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