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24 de Mar de 2016
Voltado a garantir o protagonismo dos povos indígenas na sua formação escolar, o projeto "Saberes indígenas na escola" lançou na manhã de hoje livros e materiais didáticos produzidos por seus participantes. O projeto, que atua para consolidar processos próprios de aprendizagem dos indígenas e em suas línguas maternas, chega a 48 escolas kaingangs e a todas as 27 escolas guaranis do RS.
Nesta manhã, concluída uma jornada de formação dos professores indígenas, iniciada dia 21, na Faculdade de Educação, a coordenação do projeto e os participantes se revezaram ao microfone para contar suas experiências. Indígenas kaingangs e guaranis expuseram, da sua forma, histórias de vida e de sua formação.
Os materiais lançados e distribuídos [o guarani, "Jereroayu"; e o kaingang, "Kanhgág vi ki"] trazem marcas dos processos de aprendizagem de cada uma das etnias. Os guaranis utilizaram os materiais para expor, com textos e desenhos, histórias contadas pelos mais velhos durante os encontros de formação. Os mais jovens desconheciam essas histórias, sendo que tanto os encontros de formação quantos os materiais ajudam aos novos a terem acesso com a tradição de seus povos. Por sua vez, os kaingang fizeram livros didáticos parecidos com os utilizados pelos brancos. São como que cartilhas de alfabetização em kaingang.
Está em fase de finalização, para em breve compor o material didático, um CD com músicas das etnias. As músicas, envolvendo canções de ninar entre outras, estavam quase esquecidas e são agora resgatadas.
A intenção, como contou a professora Magali Mendes de Menezes (coordenadora do projeto, juntamente com a professora Maria Aparecida Bergamaschi), é que a escola que eles estão construindo possa ser profundamente atravessada pela cultura indígena. Os materiais e registros cumprem o papel de aproximar os indígenas dessa vivência cultural.
"A Universidade está comprometida geneticamente com esta questão", frisou o vice-reitor Rui Vicente Oppermann, ao pronunciar-se no evento. Oppermann ouviu dos professores indígenas a solicitação de que a Universidade crie uma licenciatura multicultural indígena e um magistério guarani. Uma carta com o pleito foi entregue ao vice-reitor e a integrantes da Secretaria Estadual da Educação que acompanhavam o lançamento dos livros.
Projeto
O projeto Saberes indígenas na escola tem abrangência nacional e envolve uma rede de universidades, com coordenação pelo Federal de Minas Gerais. Para realizar o objetivo do protagonismo indígena, o projeto, que é financiado pelo Ministério da Educação, coloca os mestres das referidas culturas a formarem os outros professores.
O projeto conta com apoio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi/MEC) e do Forprof/UFRGS, e é realizado com a Secretaria de Educação do RS. Atualmente, 240 professores participam. Os mestres indígenas aglutinam na localidade onde atuam outros professores para repassar ensinamentos tradicionais.
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