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Atenção para os índios

Gazeta de Cuiabá-Cuiabá-MT
09 de Mar de 2005

Um problema que vem se agravando a cada ano nas aldeias indígenas brasileiras tem ganho repercussão nos últimos meses com a morte de indiozinhos que não suportam a fome ou doenças causadas por má alimentação. Nas aldeias de Dourados (MS), a situação é gravíssima, e em Mato Grosso, principalmente na região do Vale do Araguaia, a situação caminha também para o agravamento.

Os dados da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que trata da saúde indígena, mostram que noutras áreas do Brasil a mortalidade pode ser ainda pior do que na região de Dourados. Entre 2003 e 2004, em 13 dos 32 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), como são chamadas áreas das reservas, a mortalidade infantil aumentou. Os mesmos dados revelam que o maior número de mortes para o tamanho da população aconteceu, em 2004, na área de Parintins, entre Amazonas e Pará.

Os números são muito preocupantes. No Mato Grosso do Sul morreram 54 bebês em 2004 - 15 diretamente por desnutrição. Os indígenas têm índices de mortalidade infantil, em média, maiores do que os do Brasil como um todo. Enquanto o país apresenta média de 24 por mil nascidos vivos, entre os índios chega a 44,4. Em 2003, de acordo com a Funasa, a média entre todas as tribos era de 48,5 por mil.

Como se vê, não faltam estatísticas para comprovar a gravidade da situação e a necessidade de providências por parte do governo, em especial do governo federal, com maior repasses de recursos para órgãos como a Fundação Nacional do Índio (Funai) e Fundação Nacional da Saúde (Funasa), que tratam diretamente da questão indígena. Mas o maior problema refere-se mesmo à fome, à falta de alimentos para as comunidades indígenas, onde as crianças passam fome e morrem desnutridas.

Isso, é bom que se diga, nunca chegou a acontecer enquanto os índios viviam tranquilamente em suas terras, sem ter que disputá-las, com fazendeiros, com os grandes latifundiários. Os índios, verdadeiros donos das terras, ficaram em último plano, abandonados, e os indiozinhos pagam as consequências, sucumbindo ao abandono. O governo tem que abrir os olhos para essa injustiça e evitar que as mortes continuem. Não basta apenas levar comida e remédios. É preciso ensinar, explicar ao índio o que mudou em suas aldeias desde que a invasão dos brancos passou a causar esses verdadeiros desastres.

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