VOLTAR

Até 2021, apenas Angra 3 sairá do papel

O Globo, Economia, p. 36
04 de Jun de 2011

Até 2021, apenas Angra 3 sairá do papel
Plano de expansão de energia não prevê outras usinas nucleares em dez anos

Mônica Tavares

BRASÍLIA. O Plano Decenal de Expansão de Energia 2020, publicado para consulta pública na quinta-feira pelo Ministério de Minas e Energia, informa que, até 2021, a única nova usina nuclear a entrar em operação no país será Angra 3, que já foi autorizada. Ela deverá começar suas atividades em janeiro de 2016, aumentando a capacidade de geração do parque nuclear atual em 70%, de 2.007 megawatts (MW) para 3.412 MW. Assim, a potência nuclear total do país será equivalente à da Hidrelétrica de Jirau, em construção no Rio Madeira, em Rondônia.
O período necessário para que as outras usinas saiam do papel e comecem a funcionar é de dez anos, informa o plano, e a expansão do programa nuclear brasileiro ainda se encontra em estudo.
"Estão em desenvolvimento os estudos para seleção de sítios propícios à implantação de centrais nucleares nas regiões Sudeste/Centro-Oeste, Sul e Nordeste, com previsão de término no fim de 2010. Conclui-se, então, supondo que a definição dos sítios para localização dessas centrais ocorra em 2011, que a data provável mais cedo para início de sua operação seria 2021", informa o plano.
Esta semana, com a polêmica em torno do cancelamento da geração de energia atômica na Alemanha, anunciado para 2022, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que o governo reavalia a expansão do programa nuclear brasileiro, que, inicialmente, ganharia quatro usinas - chegou-se a adiantar que duas seriam construídas no Nordeste. Nos bastidores, porém, como demonstra o plano decenal, a tendência do governo é manter a ampliação da geração nuclear.
O plano destaca a necessidade de aplicação de R$190 bilhões na geração de energia elétrica entre 2011 a 2020. Serão investidos em novas usinas, ainda não contratadas ou autorizadas, R$100 bilhões - 55% em hidrelétricas e 45% em fontes renováveis.
Serão licitadas 24 novas hidrelétricas, com um total de 18.185 MW. A entrada em operação desse conjunto de usinas está previsto para 2016, com a inauguração de São Manoel, no Rio Teles Pires, no Norte.
O planejamento estratégico prevê também um crescimento expressivo da participação da fonte eólica, de 831 MW, em 2010, para 11.532 MW, em 2020. Haverá, segundo o governo, um aumento médio das fontes alternativas de 12% ao ano.
Entre 2010 e 2020, a taxa média de crescimento do consumo projetada é de 4,6% ao ano, sendo a classe comercial a que apresentará maior expansão, seguida pela residencial.
O governo negocia uma integração energética com alguns países latino-americanos. Entre os projetos, destacam-se seis usinas hidrelétricas no Peru, no total de 7 gigawatts (GW). A energia excedente será exportada para o Brasil com a interligação dos sistemas elétricos por Rondônia. Em parceria com a Bolívia, está prevista a Hidrelétrica Cachoeira Esperança (800 MW), que ficará no país vizinho. Com a Guiana, é negociada uma usina de 1.500 MW. Entre o Brasil e a Argentina existem estudos para a viabilização de empreendimentos no Rio Uruguai, totalizando um montante de cerca de 2 GW.

O Globo, 04/06/2011, Economia, p. 36

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.