VOLTAR

Ataque a comunidade indígena deixa um morto e seis feridos no MS

O Globo- http://oglobo.globo.com
14 de Jun de 2016

Um indígena de 26 anos foi morto e outros seis ficaram feridos, entre eles uma criança de 12 anos, num ataque à comunidade do tekohá Tey Jusu, no município de Caarapó, na região de Dourados, no Mato Grosso do Sul. O ataque, com disparo de armas de fogo, ocorreu na manhã desta terça-feira, segundo denunciou o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

De acordo com a Funai, o jovem assassinado a tiros - Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza Guarani-Kaiowá, de 26 anos - era agente de saúde da comunidade. O ataque teria sido a mando de fazendeiros da região, que tem histórico de conflito com as comunidades indígenas do estado.

Em nota, a Funai manifestou solidariedade ao povo guarani kaiowá e o compromisso de mobilizar as autoridades para apurar as responsabilidades pelo crime. "A instituição encontra-se, nesse momento, dialogando com o Ministério da Justiça, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal para uma intervenção imediata na contenção do conflito na região".

A Funai reafimou que condena atos de força e de violência contra o povo indígena e acredita no diálogo para um pacto "governamental e social amplo para solucionar os problemas enfrentados por povos indígenas e produtores rurais" do estado.

Ataques constantes

Segundo o Cimi, em agosto do ano passado foi morto o líder Simeão Vilhalva, na comunidade Nhenderú Marangatu e, desde então, foram registrados mais de 25 ataques paramilitares contra comunidades guarani-kaiowá no estado.

"Consideramos que a atuação de parlamentares ruralistas na tentativa de aprovar proposições legislativas, como a PEC 215/00, e no âmbito de Comissões Parlamentares de Inquérito, como a CPI do Cimi e a CPI da Funai/Incra, contribuem para aprofundar o sentimento de ódio aos indígenas, agravando ainda mais a situação de violência contra os povos originários no Brasil e, de modo especial, no Mato Grosso do Sul", diz a nota divulgada pelo Cimi.

A entidade exige, na nota, que o Ministério da Justiça tome as providências necessárias para conter os ataques a comunidades indígenas no Mato Grosso do Sul, identificar e punir os responsáveis.

O Mato Grosso do Sul tem 73.295 indígenas, dos quais 14.457 vivem em áreas urbanas. Do total, 43,4 mil são Guarani Kaiowá. Segundo a Funai, o estado tem 46 terras indígenas, apenas 30 delas totalmente regularizadas. Além disso, existem outras 19 em estudo para identiticação de terras de ocupação tradicional. As etnias do estado são Guarani (Nhandéva), Guarani Kaiowá, Terena, Ofayé, Kinikináo, Kadwéu e Guató.

As terras indígenas da região de Dourados registram inúmeros conflitos, por serem pequenas demais para acomodar o número de famílias. Além disso, os fazendeiros que se instalaram em antigas áreas indígenas têm, em grande parte, terras tituladas e querem que o Estado, caso queira declarar áreas como terras indígenas, pague por elas e não apenas pelas benfeitorias. As comunidades indígenas do estado têm alto índice de suicídio. Em 2009, chegou a ser registrado um suicídio a cada 10 dias.

http://oglobo.globo.com/brasil/ataque-comunidade-indigena-deixa-um-mort…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.