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Árvores absorvem menos CO2

OESP, Vida, p. A14
04 de Jan de 2008

Árvores absorvem menos CO2
Capacidade foi reduzida por aquecimento global

Londres

A capacidade das florestas de absorver o dióxido de carbono (CO2) produzido pelo homem está diminuindo, segundo análise de dados coletados ao longo de duas décadas em mais de 30 locais no Hemisfério Norte, como Sibéria e Alasca. A conclusão do estudo, coordenado por Tino Vesala, da Universidade de Helsinque (Finlândia), e publicado ontem, implica revisão - para pior - dos prognósticos sobre a gravidade do aquecimento global.

Os resultados explicam parcialmente estudos recentes que indicam que a quantidade de CO2 na atmosfera está subindo mais depressa do que o esperado. Entre 1970 e 2000, a concentração subiu cerca de 1,5 parte por milhão (ppm) por ano. Desde 2000, a elevação anual saltou para uma média de 1,9 ppm, o que representa alta de 35% em relação ao previsto.

Parte da elevação decorre do aumento da liberação de gás carbônico pelo mundo, mas a equipe responsável pelo estudo diz que o enfraquecimento dos sorvedouros de CO2 também é culpado.

SEM DESCONTO

A absorção de carbono pela terra e pelo mar é crucial para as previsões sobre o aquecimento. "Atualmente, estamos obtendo um desconto de 50% sobre o impacto climático das nossas emissões", escreveu o climatologista John Miller, da Universidade do Colorado, em comentário sobre a pesquisa na revista Nature. Ou seja, metade do que é liberado pelo homem é sugado por florestas e oceanos. "Infelizmente, não temos garantia de que esse desconto continuará."

No Norte, as temperaturas da primavera e do outono subiram, respectivamente, 1,1oC e 0,8oC, nos últimos 20 anos. Isso representa uma temporada de crescimento mais longa para as plantas, o que os cientistas acreditavam ser algo positivo para desacelerar o aquecimento. Como as plantas absorveriam mais CO2, isso deveria provocar uma estabilização das concentrações na atmosfera.

Entretanto, os novos dados sugerem que essa conclusão era muito simplista. A equipe analisou registros extraídos de mais de 30 estações de monitoramento climático e verificou que o momento em que as florestas deixam de ser sorvedouro de dióxido de carbono (na fotossíntese) para ser fonte líquida de CO2 foi antecipado - em alguns lugares, com diferença de poucos dias, mas, em outros, com um intervalo de semanas.
The Guardian

OESP, 04/01/2007, Vida, p. A14

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