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Artista dá exemplo de respeito a povos indígenas

A Crítica-Manaus-AM
Autor: Euzivaldo Queiroz
18 de Abr de 2006

Rui Machado, com vestimenta da etnia ashininka, do Acre, exibe orgulhoso a cultura indígena traduzida em obras de arte que fazem parte da sua nada modesta coleção pessoal

Duas portas se abrem e o que se vê sobre a mesa de jantar, no canto da sala, numa estante, nas paredes e na mesinha de centro, são obras de arte. Cerâmicas, urnas, flechas, uma panela de barro com tentos vermelhos, esculturas ticuna em madeira e um fato: ali mora alguém para quem todo dia é dia de celebrar a arte indígena.
Distribuídas de forma harmoniosa e criativa, as peças - somam aproximadamente 500 - compõem o visual da casa do artista plástico amazonense Rui Machado, um declarado amante da arte dos povos indígenas da América do Sul. "Para mim essa é uma forma de preservar a cultura e a história dos nossos índios, do nosso povo", avisa logo a quem pergunta sobre a função da sua nada modesta coleção.

Museu não é o lugar dela. Mas não há como deixar de comparar a casa de Machado a uma elegante galeria, onde o visitante cruza, a cada piscar de olhos, com um objeto indígena de rara beleza. Boa parte deles valiosa e resultado de achados arqueológicos inestimáveis. Como os que estão guardados num móvel mostruário, com vidro e iluminação especial. São fragmentos de urnas e cerâmicas, além de colares da etnia yanomami.

Achados

A coleção de Rui Machado vem sendo formada ao longo de 40 anos, desde a sua infância já que ele está com 49 anos de idade. E é fruto de uma paixão natural do filho de pai português e mãe amazonense, que percorreu durante anos o interior do Amazonas. "Acho que a minha paixão por obras indígenas vem do orgulho que eu sinto pela arte desse povos. Os índios sempre foram inspiração na minha vida", revela.

Medidas

A falta de mercado para esse tipo de arte não desanimou Rui. Ele continua a comprar peças indígenas - somente para uso pessoal - que, como as outras, vêm da região do Alto Rio Negro, do Pará e do Acre. Agora, planeja catalogar todas elas, fotografá-las e depois montar um catálogo que revele o talento e arte das etnias tukano, ticuna, wai wai, marubo, mati, baniwa, yanomami, kalapalu, kamaiura, juruna, waura, kaiabe e ashininka. Todas elas representadas com suas obras na casa do colecionador.

A outra medida é construir um salão no andar de cima de sua residência atual, no Centro de Manaus. É que nos armários da casa e no depósito ainda estão guardados boa parte dos bancos e cerâmicas do acervo, sem espaço para serem exibidos. A paixão é tanta, que fazem parte da sua coleção mais de dez livros sobre o tema. O mais recente foi um presente: "Por ti América", retrato da exposição homônima de arte indígena do período pré-colombiano.

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