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Artigo reaviva debate sobre desmatamento

Folha de S. Paulo-São Paulo-SP
19 de Set de 2003

É o final do artigo na revista "Science" que deve suscitar mais debate. Além da pesca abundante na região, os autores afirmam que a mandioca era cultivada em larga escala para sustentar milhares de pessoas. E isso teria imposto uma imensa transformação do ambiente, classificada no artigo como "dramática alteração humana da cobertura vegetal".
A prova desse desmatamento intencional é a presença de "chumaços" de floresta original dentro de vastas áreas de mata secundária. Não se sabe bem o porquê de os índios terem deixado essas reservas de vegetação primária.
"Havia uma co-evolução com o ambiente, um modo de sustentar populações densas por um longo período, através de um sistema ecológico sustentável", diz Heckenberger, sem, no entanto, arriscar uma explicação para a presença desses redutos intocados.
É justamente a defesa dessa intervenção ambiental que deve resgatar uma polêmica recente. O assunto já serviu para troca de artigos entre Heckenberger e Meggers na revista "Latin American Antiquity" (www.saa.org/Publications/LatAmAnt/latamant.html). A antropóloga acusou o colega de, com esse argumento, apoiar o desmatamento.
Na resposta, no mesmo número da revista (volume 13, número 3), Heckenberger contra-ataca: "Ao mesclar nosso tratamento dos sistemas indígenas de manejo dos recursos com as estratégias mecanizadas de desenvolvimento do mundo moderno, ela [Meggers] cria uma atmosfera polêmica e desnecessária para o debate".
"Não estamos aqui para salvar a Amazônia ou o mundo. Essa tarefa é de outros", diz Heckenberger. "A estratégia dos índios era inteligente, e é preciso aprender algo com eles, pois os solos estão hoje totalmente recuperados." (CLV

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