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Arte da resistência: cantoras indígenas falam sobre luta por reconhecimento e visibilidade

G1 DF - https://g1.globo.com
Autor: Brenda Ortiz
04 de Dez de 2023

Festival 'Brasil É Terra Indígena' acontece em Brasília nos dias 13 e 14 de dezembro. G1 entrevistou duas artista do line up do evento.
Por Brenda Ortiz, g1 DF

04/12/2023 05h04 Atualizado há um mês

Brasília será o centro da cultura dos povos originários nos dias 13 e 14 de dezembro com a primeira edição do Festival Brasil É Terra Indígena, no Museu Nacional da República. A celebração tem entrada gratuita e conta com shows, exposições de arte e debates sobre riqueza cultural e bioeconomia (veja programação mais abaixo).

No palco, destaques da música indígena. Mas quem são os artistas indígenas no Brasil?

O g1 conversou com Djuena Tikuna e Leila Borari, duas representantes da música dos povos originários. Segundo elas, "a música indígena é uma arte de resistência".

"Essa era pra ser a música brasileira. Era pra gente ter um reconhecimento. Mas a música indígena não é uma música popular, não é ouvida por todos. É raro um artista indígena ter projeção, e a gente tem lutado muito por isso", diz Leila Borari.

Leila Borari é do povo Borari de Alter do Chão, no Pará, e é co-fundadora da Associação de Mulheres Indígenas Suraras do Tapajós, do qual o grupo musical faz parte. Leila toca maraca, é backing vocal, compositora e também faz uma intervenção cênica durante o show.

"O nosso grupo toca carimbó que é um ritmo tipicamente paraense, e eu sempre falo que a gente toca música da Amazônia. Nós somos o primeiro grupo de carimbó composto somente por mulheres indígenas", conta Leila Borari.
Nas letras, o grupo fala da luta da mulher indígena, do movimento indígena, da resistência e do cotidiano. Mas também há lugar para expressar a espiritualidade indígena e, naturalmente, para o protagonismo feminino e a conservação da floresta.

"A gente trata nossa música como uma ferramenta de luta", diz Leila.
A inspiração das Suraras do Tapajós é a própria luta das mulheres indígenas. "Essa força que as mulheres indígenas têm. Nossa inspiração vem também da Amazônia, de toda a nossa conexão dos povos indígenas com a floresta, com o rio, com toda a sua fauna, com todo o seu encanto".

Djuena Tikuna

A cantora Djuena Tikuna é uma das poucas cantoras indígenas que têm discos lançados. São 17 anos de carreira, três álbuns e um livro musical. Ela também entende a arte indígena como resistência de uma cultura e de uma forma de ver o mundo.

"Por muito tempo fomos invisibilizados e nos fizeram acreditar que não podíamos ser do tamanho dos nossos sonhos. Mas nossa música resiste como o nosso povo. Hoje meu canto atravessa oceanos e desertos, dá volta no mundo levando a mensagem de que cantamos a resistência", diz Djuena Tikuna.
Na última semana, ela se apresentou na Conferência do Clima da Onu (COP-28), em Dubai. De acordo com Djuena, a luta dos povos indígenas é a inspiração para o seu trabalho.

"Os rituais do meu povo e a sua cosmovisão são a influencia das minhas cantorias. Canto as histórias da criação do mundo, o que ouvimos com os nossos pais, nossas avós, e estes com os nossos antepassados. São histórias e canções que nos guiam para chegarmos cada vez mais longe", conta a cantora.

Festival Brasil É Terra Indígena
Os destaques indígenas na música brasileira contemporânea integram o line-up do festival são:

Djuena Tikuna
Kaê Guajajara
Siba Puri
DJ Rapha Anacé
Tainara Takua
Gean Pankararu
Heloisa Araújo Tukue
Brisa Flow
DJ Eric Terena
MC Anarandá
Katú Mirim
Edvan Fulni-ô
Suraras do Tapajós
LaManxi
Brô MC's
Grandão Vaqueiro

Além dos artistas indígenas, atrações nacionais também estão na programação do evento:

Xamã
Gaby Amarantos
Felipe Cordeiro
Lenine
Mariene de Castro
Programe-se
Festival Brasil É Terra Indígena

🗓️ Quando: 13 e 14 de dezembro
⏰ Horário: a partir das 9h
📍 Local: Museu Nacional da República (Setor Cultural Sul, Lote 2)
🎫 De graça

https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2023/12/04/arte-da-res…

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