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Armadilhas colocam em risco jacarés da mata atlântica

FSP, Ciência, p. B7
28 de Set de 2017

Armadilhas colocam em risco jacarés da mata atlântica

DE SÃO PAULO

Um grupo de pesquisadores descobre um jacaré preso em uma armadilha e corre para resgatá-lo. Após cerca de 36 horas de cuidados veterinários, o fim da história é a morte do animal.
"Essa é a realidade, é o que acontece com a maioria dos jacarés resgatados", afirma Yhuri Nóbrega, coordenador do Projeto Caiman, de Vitória, no Espírito Santo, iniciativa que busca a conservação na mata atlântica do Caiman latirostris, o jacaré-de-papo-amarelo.
O grupo de resgate foi chamado por moradores do município de Serra (ES), que avistaram o animal preso com um engasgo, armadilha composta de fio e anzol.
Para se alimentar, os jacarés fazem o "giro da morte" -no qual o bicho morde a presa e gira para arrancar pedaços e engoli-los. Por conta desse comportamento, o anzol pode provocar sérios danos internos no animal. "Pulmão, coração e esôfago estavam completamente lesionados", diz Nóbrega.
A tentativa de resgate do jovem C. latirostris, que tinha entre 4 e 5 anos, começou com uma endoscopia para a retirada do anzol. Segundo Nóbrega, por ser pouco invasiva, trata-se da melhor alternativa para a resolução do problema.
Contudo, pelo fato de o anzol ter se fixado de forma muito intensa no tórax do jacaré, uma cirurgia foi necessária.
Segundo Nóbrega, a intervenção cirúrgica para a retirada do anzol é necessária em 90% dos casos de jacarés resgatados. O resultado, porém, costuma ser a morte.
O jacaré-de-papo-amarelo costuma ser vítima da caça pelo valor comercial de seu couro e de sua carne, e também pela diminuição do seu habitat, a mata atlântica -o que faz com que ele se aproxime de áreas mais urbanizadas.
Nóbrega alerta que comer a carne do animal pode ser perigoso, considerando a possibilidade de contaminação dela, o que poderia provocar problemas de saúde.
"Os jacarés, além do valor cultural, desempenham um papel de regulação ecológica", diz Nóbrega.
O C. latirostris não consta na lista oficial de animais ameaçados de extinção, mas uma avaliação de risco de 2013 do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade afirma que a elevada pressão de caça em algumas regiões pode afetar o fluxo gênico entre populações da espécie, o que merece atenção.

FSP, 28/09/2017, Ciência, p. B7

http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2017/09/1922413-armadilhas-coloca…

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