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Áreas indígenas e assentamentos são responsáveis por aumento da malária

Folha BV- http://www.folhabv.com.br
Autor: Ribamar Rocha
21 de Ago de 2014

Apesar da divulgação na redução no número de casos de malária no Estado, os dados da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde (CGVS) mostram que, no primeiro semestre deste ano, em pelo menos cinco municípios houve aumento de casos diagnosticados, em especial em Alto Alegre, Centro-Oeste do Estado, onde se constatou um aumento de quase 400% em relação ao mesmo período de 2013. Também foi constatado aumento de casos nos municípios de Caracaraí (188%), Cantá (62%), Rorainópolis (18%), Amajari (16%) e São João da Baliza (13%).

Segundo o gerente do Núcleo de Controle da Malária, Jonas Monteiro de Souza, mesmo com esses cinco municípios mostrando aumento, houve uma redução de 11,62% nos casos em Roraima. Nos seis primeiros meses deste ano foram notificados 4.151 casos de malária em todo Estado, enquanto que no mesmo período de 2013 foram 4.697 casos.

Para justificar o aumento nestes seis municípios, Jonas Monteiro destacou dois fatores determinantes: projetos de assentamento e áreas indígenas. "Registramos aumento dos casos de malária nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, tanto no Distrito Leste quanto no Distrito Yanomami, bem como em assentamentos rurais por terem um fluxo muito grande de pessoas, alguns vindos de áreas de desmatamento, o que facilita o contágio de uma pessoa infectada para o restante da população", ressaltou.

Para ele, o fato de o Município de Alto Alegre possuir áreas indígenas do Distrito Leste e do Distrito Yanomami, além de vários assentamentos rurais, foi determinante para o aumento de casos este ano.

Já no Município de Amajari, Norte do Estado, ele destacou os assentamentos Tairão e Bom Jejus - este último considerado como a "capital da malária" daquele município. "Mas já adotamos medidas em conjunto com a Prefeitura de Amajari e providenciamos um laboratório de diagnóstico de malaria para Bom Jesus. Esperamos reduzir os casos de malaria no Amajari", frisou.

Dos 188% de crescimento de casos registrados este ano em Caracarai, Centro-Sul do Estado, pelo menos 56% são provenientes da Terra Indígena Yanomami, em especial do Alto Catrimani e da Missão Catrimani, além das áreas ribeirinhas no Baixo Rio Branco. "Estas localidades contribuíram muito para o crescimento da malária em Caracaraí", afirmou.

Monteiro lembrou que, nestas regiões, as ações de prevenção e controle da doença são de responsabilidade da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e os recursos são repassados diretamente para os gestores locais responsáveis pelas áreas indígenas.

"Convidamos os representantes dos dois distritos para as reuniões de avaliação, para que haja integração entre as instituições envolvidas. Além disso, o núcleo estimula o desenvolvimento conjunto das ações pelos municípios que têm áreas indígenas, para otimizar os recursos e assegurar a execução de ações no trabalho de prevenção e controle da doença", esclareceu.

Quanto ao aumento de casos em Rorainópolis, no Sul do Estado, Jonas Monteiro lembrou que, apesar de o município não ter áreas indígenas, mas faz fronteira com o Amazonas, o que representa uma grande rotatividade de entrada e saída de pessoas, além da abertura de vicinais dentro de projetos de assentamentos já existentes e a expansão urbana desordenada. "Houve uma expansão urbana com a criação de novos bairros próximos aos igarapés e da mata. Isso foi mais um motivo para o aumento nos casos de malaria", analisou.

Em São João da Baliza, Sul do Estado, onde houve um aumento de 13%, o coordenador da CGVS classificou como "um caso diferenciado". "Mais de 80% dos casos de malária de São João da Baliza são adquiridos na área urbana, ou seja, na sede do município, onde tem um igarapé onde é capturado tanto a larva do anofelino quanto do mosquito. Com isso, as pessoas que moram próximas estão sujeitas a pegar malaria",disse.

Ele relatou ainda que, de um modo geral, embora seja registrada a redução no número de casos notificados, este ano houve o aumento nos casos autóctones, ou seja, notificados e infectados. Enquanto no ano de 2013, de janeiro a junho, o percentual representava 51,82% dentre os casos notificados. Este ano o número já alcança 73%. (R.R)

Meta é fechar o ano com até 9 mil casos notificados

Embora haja resultados que mostrem a redução no número de casos notificados no Estado neste primeiro semestre, o coordenador do Núcleo de Controle da Malária da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde (CGVS), Jonas Monteiro, disse que pretende intensificar ações nos seis municípios onde houve aumento de casos em relação ao mesmo período do ano passado. "Nossa meta é chegar ao final do ano pelo menos igual a 2013, com oito a nove mil casos notificados, que estará dentro do esperado para este ano, mas não podemos deixar passar disso", frisou.

Ele informou que, no mês de julho, durante a avaliação de planejamento, foram detectadas as falhas ocorridas durante o primeiro semestre nos municípios onde os casos aumentaram e feitas algumas recomendações aos gestores. "Diante desse diagnóstico, convocamos todos os secretários de Saúde dos municípios e mostramos onde houve falhas. Pedimos que superem esses problemas neste segundo semestre para diminuir o número de casos de malaria", frisou

Entre as recomendações está o fortalecimento do trabalho feito nos projetos de assentamento. "Nestes locais, a sugestão é que sejam intensificadas as ações de controle vetorial e de prevenção como instalação de tela nas casas, utilização de roupa com manga comprida, além de orientação para que as famílias evitem locais abertos após as 18h, quando o vetor pica com mais frequência", frisou.

Jonas Monteiro disse que está conversando com os gestores municipais para implantar laboratórios de base onde não exista ainda e reativar os laboratórios desativados até o momento. Além disso, disse que espera alcançar o fortalecimento da busca ativa e já planeja a realização de capacitações técnicas para este segundo semestre, além de disponibilizar medicação, para os casos diagnosticados como positivos.

"A nossa intenção é manter as ações de monitoramento e planejamento estratégico para o controle contínuo da malária, tanto na área urbana quanto rural, para que o Plano de Ação possa alcançar as metas previstas no cronograma de trabalho", frisou ao complementar que a responsabilidade de executar as ações de controle é dos municípios, cabendo ao Estado acompanhar, supervisionar, capacitar e planejar as ações.

"Desde o ano de 2000, quando houve a descentralização das ações de controle das endemias, que era feita pela Funasa [Fundação Nacional de Saúde], ficando para os estados e municípios fazerem à gestão de combate a malária", destacou. (R.R)

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