VOLTAR

Ar piorou em 38% das cidades de SP monitoradas pela Cetesb em 2010

OESP, Metrópole, p. C1, C3
22 de Jun de 2011

Ar piorou em 38% das cidades de SP monitoradas pela Cetesb em 2010

Paulo Saldaña

O Estado de São Paulo tem 159 municípios com ar considerado saturado por causa do poluente ozônio (O3) - ou 60% das cidades monitoradas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Os dados entre 2008 e 2010, que constam em classificação elaborada pela Cetesb sobre a severidade do ar, mostram ainda que a qualidade do ar piorou em 38% das cidades, em comparação com o estudo realizado em 2009.
A poluição é medida em 42 estações espalhadas na capital, Região Metropolitana, Baixada Santista e regiões industrializadas. Os municípios em um raio de 30 km de onde ocorre a medição recebem a mesma avaliação. Entre as cem cidades em que houve piora do ar, 45 passaram do nível "não saturada" para quase saturada. O restante tornou-se saturada. A saturação é subdividida em três níveis: moderada, séria e severa. Cinquenta cidades têm grau severo. Sete também apresentam saturação por Material Particulado (MP) - os dois elementos são, hoje, os principais vilões da poluição.
Desde 2008, a Cetesb classifica a saturação do ar no Estado para condicionar a liberação de licenças para empreendimentos nessas áreas à implementação de programas contra a poluição. Uma cidade é considerada com ar saturado se for apurado pelo menos um dia com poluição acima do padrão traçado.
No caso de novas empresas e indústrias, a Cetesb obriga uma compensação mais criteriosa nas cidades em que há saturação. "Se determinada indústria vai ter emissões significativas de um poluente saturado na região, terá de compensar toda essa poluição e 10% mais", explica o gerente de Qualidade Ambiental da Cetesb, Carlos Komatsu. "Pode instalar equipamentos técnicos ou renovar a frota de carros da prefeitura", exemplifica.
Ozônio e secura. O número de cidades com ar saturado por conta do ozônio teve aumento de 14% em relação ao ano anterior. Para a Cetesb, o aumento se explica por causa de condições desfavoráveis do clima em 2010. "Houve um período de inverno muito seco e grandes períodos de insolação, que favorecem a formação do ozônio", afirma a gerente da Divisão de Qualidade do Ar, Maria Helena Martins.
O ozônio se forma a partir de reações químicas entre óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis na incidência de luz solar. Quando a qualidade do ar está ruim por ozônio, pessoas com doenças respiratórias têm os sintomas agravados. As pessoas podem apresentar ardor nos olhos, nariz e garganta.

Poluição continua severa na capital
Índice de saturação do ar na Região Metropolitana não apresentou alteração

Paulo Saldaña

A capital paulista e 32 cidades da Região Metropolitana de São Paulo não apresentaram alterações nas classificações de saturação: continuaram todas com níveis considerados severos.
Das sete cidades que apresentaram saturação nos níveis de Material Particulado (MP), quatro estão na Grande São Paulo - as outras são Santos, Cubatão, na Baixada Santista, e Santa Gertrudes, no interior. Outros municípios na Região Metropolitana aparecem como quase saturados: Santo André, São Bernardo do Campo e Taboão da Serra. "Na Grande São Paulo, o problema principal é o carro", explica o gerente do Departamento de Qualidade Ambiental da Cetesb, Carlos Komatsu.
A cidade de São Paulo, que tem uma rede de 12 estações de medição, foi a única em que há registro de outro gás poluente: o dióxido de nitrogênio (NO2), que apresentou nível de quase saturação. Assim como o ozônio e o Material Particulado, o NO2 é um gás irritante para os pulmões e diminui a resistência às infecções respiratórias.
"A Cetesb expandiu as medidas na cidade, para a Universidade de São Paulo, por exemplo. E como os ventos sopram para a zona oeste (onde está localizada a Cidade Universitária), temos um diagnóstico mais acertado", afirma o professor Paulo Saldiva, coordenador do Laboratório de Poluição da USP. "Na verdade, temos um diagnóstico mais acertado em todo o interior do Estado. E vai ficar ainda mais claro com os novos parâmetros."
Melhora. O levantamento de saturação e severidade da Cetesb mostrou que houve melhoras em várias cidades do Estado. Apesar de ter aumentado o número de cidades consideradas saturadas, 12 municípios tiveram melhora na qualidade do ar. A maioria está no entorno de Ribeirão Preto.
Outra boa notícia é que a capital paulista mostrou melhora no nível de monóxido de carbono (CO). Nos últimos três anos não houve extravasamento dos limites desse gás.

PARA ENTENDER
Novo padrão não é usado

A lista de áreas saturadas ainda não leva em conta os novos parâmetros de qualidade do ar aprovados em maio. Com esses padrões mais rígidos, em acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais áreas estariam saturadas - para se ter uma ideia, o nível aceitável hoje de Material Particulado (MP) é três vezes superior ao padrão estipulado. As regras de licenciamento ambiental também serão revistas, afirma a Cetesb.

Redução das queimadas faz Ribeirão Preto ser bom exemplo
Cetesb obriga usina a instalar filtros e fiscaliza a emissão de gases veiculares nos perímetros urbanos

Brás Henrique / Ribeirão Preto

Ribeirão Preto saiu do nível saturado de poluição, acima de 160 microgramas por metro cúbico de 2009, para abaixo de 144 em 2010. O gerente regional da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Marco Antonio Artuzo, aponta a condição meteorológica mais favorável à dispersão de poluentes e o fim, ou pelo menos a redução, de queimadas de cana-de-açúcar na área urbana.
"Não são aspectos matematicamente comprovados, mas podem ter ajudado", diz Artuzo. Ele detalha que o ozônio se forma pela reação de óxidos de nitrogênio com gases voláteis, acelerados pela luz solar. Diante disso, o fim das queimadas pode ser um dos fatores de redução de óxidos de nitrogênio.
Usinas e inspeção veicular. O gerente enfatiza que a própria Cetesb tem obrigado as usinas sucroalcooleiras a instalar equipamentos de alta eficiência nas caldeiras que processam os bagaços de cana. "Isso tem se acentuado desde 2004."
Artuzo também cita que a Cetesb tem fiscalizado as emissões de gases veiculares nos perímetros urbanos e ressalta que várias prefeituras (Ribeirão Preto, Sertãozinho, Altinópolis e Santa Rosa de Viterbo, entre outras) também estão contribuindo para a melhoria da qualidade do ar, com o controle das próprias frotas de veículos e recuperação de áreas de preservação permanente e reflorestamentos. "Isso tudo vai criando uma condição de melhoria da qualidade do ar na região", afirma Artuzo.
A Cetesb tem uma estação medidora de qualidade do ar instalada no bairro Ipiranga, em Ribeirão Preto, com raio de alcance de 30 quilômetros. A estação funciona de forma intercalada desde 2004 e de forma efetiva e ininterrupta desde 2009, com equipamentos mais sofisticados. A medição é de hora em hora e acessível pela internet.

Cubatão puxa para baixo ranking na Baixada Santista

Rejane Lima

Cubatão é uma das regiões em que a situação da qualidade do ar passou de "séria" para "severa". Como a estação medidora afeta os municípios em um raio de 30 km, a maioria da Baixada foi rebaixada no ranking.
E isso acontece três anos depois de a cidade divulgar estudo mostrando que nos 25 anos de aplicação do programa de recuperação ambiental houve redução de 98,9% nas emissões atmosféricas de material particulado em Cubatão, cidade conhecida na década de 1970 como Vale da Morte.
De acordo com a Coordenadora da Comissão Técnica de Meio Ambiente do Ciesp, Flávia Maria Barros de Oliveira Câmara, as indústrias investem na melhoria de equipamentos e a piora se deveu ao aumento da frota e ao clima. "O inverno de 2010 esteve entre os mais desfavoráveis à dispersão dos poluentes nos últimos 10 anos."

OESP, 22/06/2011, Metrópole, p. C1, C3

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110622/not_imp735555,0.php
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110622/not_imp735582,0.php
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110622/not_imp735583,0.php
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110622/not_imp735584,0.php

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.