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Aquecimento altera mapas

O Globo, Ciência, p. 28
04 de Set de 2007

Aquecimento altera mapas
As mudanças no clima levam cartógrafos a redesenhar o Atlas Mundial

O aquecimento global e as ações do homem no meio ambiente estão obrigando cartógrafos a redesenhar o mapa-múndi. As interferências alteraram os cursos de rios em países de todos os continentes. Desde a última edição, há quatro anos, do "The Times Comprehensive Atlas of the World", o "Atlas Mundial" publicado pelo jornal britânico "Times", especialistas tiveram que rever litorais, lagos e rios. A construção de novos edifícios e indústrias também tem efeito visível no planeta, assim como a expansão de cidades, que estão invadindo os campos.
Uma das mudanças mais evidentes ocorreu no Lago Chade, na África, que encolheu 95% desde 1967. Também o Mar Aral, na Ásia Central, diminuiu 75% em 40 anos. O Mar Morto, no Oriente Médio, está 25 metros mais baixo do que há 50 anos. Na China, o Rio Amarelo corre o risco de secar.

- Podemos ver literalmente os desastres ambientais sob os nosso olhos - disse Mick Ashworth, editor-chefe do Atlas, em entrevista à "NewScientist".

Os continentes asiático e africano foram os que mais sofreram com os danos ao planeta. A industrialização chegou a tal ponto nessas regiões que em 2008 haverá mais pessoas vivendo em centros urbanos do que no campo. Águas de lagos, mares e rios são usadas no limite e desviadas para atividades de agricultura e abastecimento de cidades.

Mar está invadindo cidades na Ásia

Por outro lado, em Bangladesh, o aumento do nível do mar e as fortes chuvas de monção estão engolindo a costa. Esse avanço poderá afetar outros países e incluir mais cidades na categoria "fantasma", definição que hoje vale apenas para regiões de campos de extração de minerais abandonados e áreas ameaçadas por atividade vulcânica. Um exemplo é Plymouth, em Montserrat, que foi abandonada devido a erupções de 1995 a 1997. Outras são Bodie, que viveu a corrida do ouro na época da ocupação da Califórnia, e Kolmanskop, na Namíbia, cuja principal atividade era a extração de diamantes.

Uma das cidades que corre o risco de entrar na categoria "fantasma" é Shishmaref, no Alasca. O degelo já provocou um aumento de cerca de três metros no nível do mar em um ano. Segundo Ashworth, é uma questão de se manter atento às mudanças.
As transformações estão cada vez maiores - afirmou.
No Oceano Pacífico, as Ilhas Marshall, Tokelau, Tuvalu e Vauata estão entre as áreas mais ameaçadas de desaparecer devido ao avanço do mar, assim como as Maldivas no Oceano Índico. Para as próximas edições dos mapas, os cartógrafos estão se preparando para as iminentes mudanças na Terra.

- Há quase uma dúzia de exemplos de como as atividades humanas estão causando modificações nos nosso mapas - disse Jethro Lennox, editor do Atlas.

O Globo, 04/09/2007, Ciência, p. 28

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