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Após política de desconto, SP reduz consumo de água

OESP, Metrópole, p. A14
11 de Fev de 2014

Após política de desconto, SP reduz consumo de água
Moradores da Região Metropolitana diminuíram em 500 litros por segundo o volume usado na primeira semana do programa

Fabio Leite
Giovana Girardi

A Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo ( Sabesp) divulgou ontem que os moradores da Grande São Paulo reduziram em 500 litros por segundo o consumo de água na primeira semana do programa que dá desconto de até 30% para quem economizar ao menos 20% do gasto. Com o volume seria possível abastecer 268 mil pessoas por dia, ou seja, 3% dos 8,8 milhões que recebem água do Sistema Cantareira na Região Metropolitana.
O plano ainda é a principal aposta da Sabesp para evitar o racionamento generalizado na Grande São Paulo. Ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) voltou a descartar a medida e disse que até quinta-feira, 13, vai decidir se utilizará a reserva chamada de "volume morto" do manancial (o fundo dos reservatórios), conforme a reportagem antecipou. A medida acrescentaria mais 200 bilhões de litros de água. Em nota, a Sabesp disse que "agradece aos moradores pelo excelente resultado em uma semana de campanha".
"O que esse dado mostra é que o efeito do bônus é infinitamente menor do que precisaria ser", afirmou Helio Mattar, do Instituto Akatu, que faz campanhas para o consumo consciente. Segundo ele, a adoção do bônus é insuficiente porque boa parte da população vive em prédios que não têm medição individualizada de consumo. Com isso, não dá para saber quem gasta mais ou menos, o que acaba não incentivando a adesão.
Especialista em Recursos Hídricos da Poli/USP, Rubem Porto concorda que o momento é muito crítico para se confiar somente no bônus aos moradores. "A gravidade da situação merece um pouco mais de agressividade, quem sabe colocar multas para quem gastou mais", afirmou. O volume de água do Sistema Cantareira continua caindo. Ontem, 10, chegou a 19,6% da capacidade.
No interior, bairros de Itu já estão recebendo água a cada dois dias. Em Sorocaba, bairros das regiões mais altas continuam sem água./ COLABOROU JOSÉ MARIA TOMAZELA

Moradores já fazem estoque
Bairros têm problemas de abastecimento

Bárbara Ferreira Santos e Mônica Reolom - O Estado de S.Paulo

Mesmo sem racionamento de água em São Paulo, moradores já começaram a fazer estoque em casa, principalmente em áreas com problemas de abastecimento. Preocupada, a dona de casa Cleide Maria Calimério, de 57 anos, encheu tambores com mais de 500 litros de água. "Não tenho caixa d'água, então essa é a minha forma de armazenar o que posso", explica.
Ela afirma que a Vila Ayrosa, na zona norte, onde mora, sofre com falta d'água há anos. "Vivo aqui há 17 anos e todo o ano falta água." Sem abastecimento em casa por dois fins de semana seguidos, a mãe dela, Maria José Inácio Calimério, de 91 anos, que mora na mesma casa, teve de tomar banho de caneca. "É horrível tomar banho desse jeito, então é melhor guardar para depois não faltar", afirma.
Já a cozinheira Milena Rita, de 30 anos, que é vizinha de Cleide, está economizando tanto a água que chegou a dar banho no filho pequeno em um balde na garagem de casa. "É bom que gasta menos água", explica. Nos dias em que fica sem abastecimento, ela vai à casa de parentes para cozinhar e dar banhos nos filhos. "A gente até fica sem luz, mas sem água não dá."
Periferia. A copeira Rosineide Moreira dos Santos, de 39 anos, mora no Jardim Etelvina, na zona leste, e passou todo o penúltimo fim de semana sem água. "Todos da casa (ela e mais três filhos) tomaram banho com no máximo 10 litros de água." Para se prevenir, ela agora guarda dois baldes de água em casa. "No centro da cidade nunca chega racionamento, quem sente o drama é a periferia."

OESP, 11/02/2014, Metrópole, p. A14

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