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Após conflito com governo, indígenas venezuelanos deixam abrigo no AC e voltam para prédio abandonado

G1 AC - g1.globo.com/ac
Autor: Aline Vieira
16 de Abr de 2020

https://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2020/04/16/apos-conflito-com-gover…

Grupo de mais de 60 índios da etnia Warao tinha sido levado pelo governo do Acre para uma escola no Conjunto Habitacional Cidade do Povo, em Rio Branco, há três semanas.

O grupo de pelo menos 60 índios da etnia Warao, a maior parte da Venezuela, que vive no estado acreano, protestou nesta quarta-feira (15) e pediu mais assistência do governo do Acre.

Alguns deixaram por conta própria o abrigo para onde tinham sido levados, no Conjunto Habitacional Cidade do Povo, em Rio Branco, após reclamarem de falta de apoio.

Das 16 famílias, cinco resolveram permanecer no abrigo e aguardar a transferência para uma outra escola na parte central da cidade. Durante o protesto, a Polícia Militar chegou a ser acionada, caso houvesse conflito na saída dos indígenas do abrigo, o que não ocorreu.

Há três semanas, eles ocupavam um prédio abandonado no Centro da cidade e foram levados para a Escola de Educação Profissional Campos Pereira, na Cidade do Povo, o local foi transformado em abrigo.

A mudança ocorreu como forma de prevenir a transmissão pelo novo coronavírus. Agora, eles querem retornar para o lugar que ocupavam porque alegam falta de assistência no abrigo.

O indígena venezuelano Jesus Alcxisrivero contou que no local tentaram roubá-los e que falta alimentação para as famílias. "Tem comida aqui, mas não trazem frango, peixe, ovo nada", reclamou.

Pedidos incluem sorvete e açaí

A diretora de Políticas de Direitos Humanos do Acre, Francisca Brito, explicou que no abrigo é dada toda a assistência em saúde, além da alimentação para todas as refeições do dia e higiene pessoal. Mas, ela disse que os venezuelanos pedem marmitas prontas, porque não querem cozinhar e pedem alimentos como refrigerantes, sorvete e até açaí.

Francisca disse ainda que 10 famílias devem começar a receber o benefício do Bolsa Família.

"A gente dá esse acompanhamento tanto de assistência, quanto de saúde e das necessidades diárias", falou Francisca.

Para resolver o impasse, o defensor público federal Matheus Nascimento fez a mediação entre os estrangeiros e os órgãos que prestam assistência aos refugiados. Algumas medidas devem ser tomadas.

"Foi feito esse compromisso que já havia sido aventado pela secretaria de estado de verificar uma outra escola em um bairro mais próximo ao Centro para que eles possam permanecer nessa escola", informou o defensor.

Já sobre as reivindicações de alimentos, o defensor público federal reforçou que foram repassadas orientações para ambas as partes, indígenas venezuelanos e o Estado.

"A gente também acabou esclarecendo para eles que não é possível fornecer os alimentos específicos e bebidas que eles tenham interesse. Elas têm que ser fornecidas de acordo com as regras nutricionais', complementou.

Os indígenas começaram a chegar ao estado acreano em setembro do ano passado em busca de refúgio e abrigo, fugindo da crise no país e, desde então, é comum encontrá-los em semáforos pedindo ajuda na capital acreana.

O grupo passou a viver em condições subumanas em um prédio abandonado que fica no Bairro da Base, próximo ao Centro de Rio Branco, depois que foi despejado da casa onde vivia por não ter como pagar aluguel.

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