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Ao lado da represa. E sem água

OESP, Metrópole, p. C8
13 de Nov de 2009

Ao lado da represa. E sem água
Bairros próximos de grandes reservatórios de SP ficaram entre os últimos a ter o abastecimento normalizado

Diego Zanchetta

Do quintal onde lava roupa até a Represa Billings, Sandra Mara Ferreira, de 36 anos, precisa dar apenas alguns passos. A dona de casa é vizinha do maior reservatório da Grande São Paulo, mas completou na manhã de ontem quase 30 horas sem ter uma gota d"água para cozinhar ou tomar banho. Por volta das 10h, um filete bem fraquinho começou a sair da torneira de sua cozinha. O fato foi comemorado entre dezenas de vizinhos e moradores da Viela 25 do Parque Cocaia. O bairro da zona sul foi uma das áreas próximas de mananciais que ficaram sem abastecimento desde a madrugada do apagão, na quarta-feira, por volta das 3h, até a tarde de ontem, por volta das 15h.

"Até quem tinha caixa d"água ficou sem tomar banho também, foi muito tempo. Ficamos sem uma roupa limpa para vestir aqui em casa", contou Sandra que, como 300 mil moradores da capital, ainda estava sem abastecimento no início da manhã de ontem. Por causa das dificuldades que a falta de energia causou no processo de bombeamento de água tratada, a Sabesp ainda tentava, por volta das 17h, normalizar o abastecimento nas regiões mais altas e distantes da capital. Por volta das 18h30, a companhia divulgou que a situação estava normalizada, mas ainda havia pontos sem água em Perdizes, na zona oeste, próximo da Avenida Paulista, e na Brasilândia, na periferia da zona norte.

Mas o maior número de famílias prejudicadas nos últimos dois dias estava justamente perto da água usada no abastecimento da Região Metropolitana. Ao longo das represas Billings e do Guarapiranga ainda permaneciam sem água na manhã de ontem partes dos bairros Jardim São Luiz, Capão Redondo, Jardim Ângela, Jardim Capela e Cocaia. "Não é só com apagão de energia, aqui falta água todo mês. Não adianta nada morar ao lado da represa. A água que temos aqui é só para ver", acrescentou Maria José de Lima, de 51 anos, apontando o lixo nas margens da Billings, ao lado de sua casa, no Cocaia.

No distrito de Parelheiros, uma área de preservação permanente cercada por riachos e cachoeiras, bairros inteiros também ficaram sem água até o início da tarde. "Agora começou a voltar uma água bem fraquinha na torneira, mas já dá para fazer o reboque de cimento", disse o pedreiro Ancelmo de Oliveira, de 51 anos. Segundo contaram outros moradores de Parelheiros, na quarta-feira teve morador da região que andou 14 quilômetros a pé, com baldes nas mãos, para buscar água em poços artesianos de Engenheiro Marsilac.

A Sabesp informou que as últimas regiões a terem o abastecimento regularizado ontem foram Pirituba, Chácara Inglesa e Jardim Jaguara, na zona norte, e Jardim São Luiz e Jardim Capela, na zona sul. A demora na normalização do sistema se deve ao percurso que a água tem de fazer até chegar aos consumidores. A água tratada percorre longos caminhos até chegar aos pontos de abastecimento para, em seguida, ser bombeada aos bairros. Nesse último curso, a água preferencialmente enche os pontos baixos do bairro para, após alguma horas, chegar aos mais altos e distantes.
Colaborou Eduardo Reina

OESP, 13/11/2009, Metrópole, p. C8

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